O sobrenome de Jules Kroll é o último que qualquer executivo quer ver ligado à sua companhia. Sua simples menção é sinônimo de problemas. O empresário americano de 69 anos fundou, em 1972, uma companhia dedicada a investigar as mais escabrosas fraudes corporativas. A Kroll Security Services foi vendida em 2008. Agora, ele está lançando uma nova companhia que pretende escarafunchar demonstrações contábeis. A Kroll Bond Ratings vai concorrer no disputado mercado de classificação de risco financeiro a partir de Nova York. 

 

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Kroll: “Vamos além dos números, investigaremos as pessoas”

 

Hoje, essa atividade é dominada por três grandes corporações: Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch. Elas – e outras companhias menores – são pagas pelas empresas que lançam ações e títulos de renda fixa para informar aos compradores quanto risco eles estão correndo ao investir nesses papéis. 

 

A fama desses detetives do risco foi brutalmente arranhada durante a crise financeira americana de 2008, quando companhias imobiliárias que tinham excelentes classificações de risco quebraram sem aviso prévio. 

 

Para Kroll, esse é o momento certo de entrar no mercado. “Vamos nos diferenciar da concorrência porque sabemos investigar melhor do que os outros”, diz Kroll em uma entrevista exclusiva à DINHEIRO.

 

O empresário afirma que a principal falha dos concorrentes é que eles apenas conferem informações que são passadas pelos clientes. “Nós vamos além, investigamos o passado dos executivos, suas ligações pessoais e profissionais”, diz ele. 

 

“No caso de títulos lastreados em imóveis, nós vamos verificar fisicamente se as propriedades existem.” Para isso, ele conta com a K2, outra companhia de sua propriedade que reproduz a Kroll original, inclusive tendo contratado vários de seus executivos. Ele diz que sua meta é classificar o risco de ativos financeiros mais complexos. “Vamos oferecer um serviço especializado, quase uma butique.”

 

Só para lembrar, a Kroll ficou famosa no Brasil em 2005 devido a seu envolvimento em investigações sobre autoridades governamentais e empresários pedidas pelo banqueiro Daniel Dantas, que então controlava a empresa de telecomunicações Brasil Telecom. 

 

O imbróglio chegou a provocar a prisão de um funcionário brasileiro. Kroll não tem boas lembranças do País. “Muitas pessoas no Brasil foram irresponsáveis e nós levamos a culpa injustamente.”