Não se assuste se você nunca ouviu falar da Emerson. Ela é uma das maiores empresas desconhecidas do mundo. Mas suas credenciais são melhores do que muitas corporações com marcas famosas. Em 2009, ela faturou mundialmente US$ 21 bilhões, mais do que Nike, Goodyear, Xerox ou Whirpool. 

64.jpg
“O Brasil será um dos nossos pilares de crescimento nos próximos anos”
David N. Farr, CEO da Emerson

O valor de mercado da companhia – que é de US$ 38 bilhões – é superior ao de Dell, Unilever, Sony ou Nokia. Se isso não bastasse, a Emerson completou 53 anos ininterruptos de geração de lucros e de dividendos para os seus acionistas. Uma marca impressionante que a projetou no cenário mundial.  

 

No ano passado, no auge da crise financeira global, lucrou  US$ 1,7 bilhão e distribuiu US$ 1,32 de dividendos por ação. “Somos discretos, mas quem é importante nos conhece”, disse o CEO da Emerson, David N. Farr, em entrevista exclusiva à DINHEIRO. 

 

Durante esses 53 anos, a Emerson passou pela crise dos mísseis de Cuba, Guerra do Vietnã, crise do petróleo, queda do Muro de Berlim, crise asiática e russa, a queda das Torres Gêmeas em 11 de setembro e a crise financeira global. Nada disso abalou o lucro e a distribuição de dividendos da empresa. Afinal, qual o segredo desta companhia? 

 

Uma das razões é não seguir os manuais clássicos de gestão. Enquanto o mundo corporativo popularizava os super CEOs, só três executivos chegaram a ocupar a cadeira de presidente da empresa nos últimos 55 anos. As regras dos gurus de gestão também diziam que as empresas de sucesso seriam aquelas que focassem e não se diversificassem. 

 

A Emerson, ao contrário, fabrica de tudo um pouco, desde produtos pouco charmosos, como equipamentos para ar-condicionados, ferramentas manuais, válvulas e compressores, até tecnológicos, como software, data centers e redes de telecomunicações. Mas isso é só uma fração do todo. A empresa possui cinco grandes unidades de negócios, com mais de 50 divisões. O número de itens produzidos está na dezena de milhares.

 

65.jpg

 

Fundada há 120 anos, a Emerson possui mais de 140 mil funcionários, mil deles trabalhando no Brasil. A receita que mantém essa gigantesca engrenagem é uma boa dose de rigor e uma pitada de ousadia. 

 

A base da gestão da Emerson está na crença de que os objetivos de longo prazo só podem ser atingidos se os de curto prazo forem respeitados. Por isso, o acompanhamento precisa ser minuto a minuto, dia a dia, semana a semana. Além disso, o executivo responsável por atingir uma meta é o mesmo que a propôs, para que planejamento e operação andem juntos. 

 

Esse estilo já foi considerado conservador, mas os números mostram outro cenário. A empresa investe US$ 700 milhões em pesquisa e desenvolvimento e cerca de 5% do valor é alocado para as ideias dos funcionários. Em 2009, registrou 730 patentes. A aclamada e inovadora Apple, apenas 159. 

 

Com a crise financeira mundial, a companhia reviu sua estratégia e passou a focar nos mercados emergentes. Em 2009, eles responderam por 32% do negócio da Emerson. Em 2015, essa fatia deve crescer para 45%. “O Brasil será um dos nossos principais pilares de crescimento nos próximos anos”, afirma. 

 

O executivo prevê que a receita da companhia no Brasil deve chegar a US$ 1 bilhão nos próximos dez anos. Hoje, é de US$ 400 milhões. Para isso, Farr planeja investimentos entre US$ 25 milhões e US$ 100 milhões por ano até 2020. Atualmente, a empresa investe R$ 60 milhões na expansão da sua unidade de fabricação e operações em Sorocaba, no interior de São Paulo.