O empresário Alberto Portugal, diretor comercial e sócio da Tecidos e Armarinhos Miguel Bartolomeu S/A (Tambasa), é neto do fundador do tradicional atacadista mineiro, um sapateiro e caixeiro viajante que se tornou comerciante. Graduado em engenharia e com longa vivência como administrador, ele troca o vocabulário dos manuais de gestão pelo linguajar informal do seu avô na hora de explicar o sucesso da Tambasa, terceira colocada em um setor liderado pela carioca Profarma, seguida pela também mineira Martins. ?Sabe como se faz angu? Pois é, basta colocar um pouco de fubá, um pouco de água e misturar bem, para não encaroçar?, diz. ?É a mesma coisa no comando de uma empresa. Temos de crescer de forma sustentável.? 

 

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Alberto Portugal, sócio: sua meta é elevar o faturamento da atacadista

em 40%, para R$ 2,1 bilhões em 2014

 

Uma das cabeças pensantes do negócio, fundado em 1969 pelo patriarca Miguel Bartolomeu, Portugal é quem desenha a estratégia de crescimento da Tambasa, que fechou o ano passado com faturamento de R$ 1,5 bilhão, que deverá crescer para R$ 1,8 bilhão neste ano. Para se tornar uma potência nacional, a empresa mineira está investindo R$ 65 milhões em tecnologia e na ampliação do Centro de Distribuição (CD), situado em Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Com o novo CD, que fica ao lado do atual, será possível duplicar a capacidade de estocagem, hoje em 63,5 mil m². A expansão chega numa boa hora. ?Estamos operando no limite?, afirma o empresário. 

 

Se os planos de Portugal produzirem os resultados esperados, seu faturamento poderá atingir R$ 2,14 bilhões em 2014. Um avanço de 40% em relação ao ano passado e um salto espetacular quando comparado aos R$ 33 milhões de 1990, quando o neto de seu Bartolomeu retornou para a Tambasa depois de um tempo em outra empresa. Ele foi um dos res­pon­sáveis por mudar a sede para Contagem, deixando para trás o pequeno galpão próximo à região central da capital. Em 2012, passaram 138,5 mil toneladas de mercadorias pelo CD, entregues para 128 mil clientes ativos. Eles compraram desde aparelhos eletrodomésticos, canetas e enxadas até itens que muitos consideram pertencer ao passado, como penicos esmaltados, mas que ainda têm muito apelo nas cidades do interior do País. 

 

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A todo vapor: no ano passado, a companhia entregou 138 mil toneladas

de mercadoria a 128 mil clientes em todo o Brasil

 

?No geral, recebemos três mil pedidos por mês. Muitos deles são coisas miúdas, que fazem toda a diferença para o dono de uma lojinha de uma cidade do interior?, diz Portugal. ?Estamos trocando a roda do caminhão com ele andando. O cliente não pode perceber toda essa mudança.? A Tambasa está se beneficiando do bom momento vivido pelas empresas do segmento. No ano passado, a receita das filiadas à Associação Brasileira de Distribuição (Abad) cresceu 8,5% em relação a 2011, atingindo R$ 178,5 bilhões. Um número bastante vistoso quando comparado ao dos supermercados: 5,3%. Mesmo com a popularização do atacarejo, modalidade de negócio que une o varejo e o atacado e que caiu nas graças dos consumidores, principalmente nas periferias das capitais, o atacado puro continua forte. 

 

?Os atacarejos se concentram em cidades com mais de 100 mil habitantes?, afirma o presidente da Abad, José do Egito Frota Lopes Filho. ?O Brasil vive um processo de interiorização da distribuição de renda, e é isso que vai sustentar os atacadistas.? Foi inspirado na trajetória do avô caixeiro viajante que Portugal definiu a estratégia de crescimento da Tambasa. Com o novo CD será possível ampliar a presença geográfica. Hoje, o atacadista mineiro possui 39 centros avançados de distribuição espalhados por 12 Estados nas cinco regiões. A meta é fincar sua bandeira em todos os 26 Estados e no Distrito Federal. 

 

O primeiro da nova safra é o Paraná, onde, até o fim do ano contará com unidades em Cascavel e em Londrina. ?A ideia é replicar essa estrutura em todos os Estados?, diz Portugal. Com isso, o empresário espera reduzir a extrema dependência em relação aos clientes de Minas Gerais e da Bahia, responsáveis por metade do volume de negócios. O predomínio do primeiro se explica pelo fato de o Estado ser sua principal base de atuação, enquanto no segundo a Tambasa conta com uma sólida infraestrutura, composta de sete centros avançados. ?Mais que vender produtos, nosso negócio se resume a uma grande prestação de serviços?, diz. ?Como você acha que chega uma caixa de canetas em uma lojinha situada em Alpercata, no interior de Minas, onde vivem sete mil pessoas? É para isso que existem empresas como a Tamabasa.? 

 

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