25/04/2012 - 21:00
Com a chegada dos celulares, esse hábito se perdeu um pouco, pois tudo está armazenado na agenda do seu aparelho e disponível a um toque de distância. Em todo caso, a necessidade de lidar com uma linha telefônica baseada em números continua presente. Num futuro muito próximo, porém, essa realidade deve mudar. Com o avanço da internet móvel, o uso de serviços como o Skype e congêneres, que permitem a conversa por voz por meio da rede, está se disseminando a passos largos. E esses recursos dispensam números: você será contatado ou ligará para um endereço de usuário, como acontece com os e-mails. Depois de ler o escrito acima, você pode se perguntar: e daí?
A tecnologia 4G, cujo leilão de frequências foi marcado para junho, deverá acelerar
as transformações no modelo de negócios no mercado de telefonia celular.
E daí que, por trás dessa simples novidade, há mudanças significativas no modelo de negócios do mercado de telecomunicações. Mudanças, aliás, que devem ser impulsionadas com a adoção do 4G, cujo leilão das faixas de frequência no Brasil finalmente foi marcado pela Anatel para o dia 4 de junho. O 4G amplia a capacidade e a velocidade das conexões à internet pelo celular. O raciocínio é simples: com uma banda larga mais possante no smartphone, será mais fácil para qualquer pessoa falar ao telefone por meio do Skype ou do Google Talk, por exemplo. É algo bem diferente da realidade atual – com a rede 3G, a experiência com a telefonia pela internet nem sempre é boa, em parte porque as operadoras derrubam a velocidade de conexão depois de determinada quantidade de utilização.
Dependendo da formatação dos pacotes de 4G, muitos consumidores podem então se sentir encorajados a substituir o uso da telefonia tradicional e usar como seu serviço padrão o Skype, por exemplo. Para as operadoras, isso deve acentuar a queda das receitas com serviço de voz. O reverso da moeda é que elas terão a oportunidade de aumentar os seus ganhos em serviços de dados, pois são as fornecedoras da rede banda larga. O desafio que se impõe, no entanto, é como fazer essa transição de modo que o resultado da equação seja positivo. As operadoras têm motivos para estar de antenas ligadas. Um dos efeitos da consolidação do 3G foi uma perda considerável de receita provocada pelo crescente uso de redes sociais e aplicativos de comunicação, conforme indica um estudo mundial divulgado em fevereiro pela Ovum, empresa internacional de estudos de tecnologia.
A pesquisa mostra que as mídias sociais e os serviços de mensagens baseados em protocolo IP causaram ao setor uma perda de US$ 13,9 bilhões em 2011. Isso porque os consumidores passaram a usar mais ferramentas como MSN ou BlackBerry Messenger, por exemplo, e assim deixam de lado o envio de SMS. Uma das soluções buscadas pelas operadoras para reverter o quadro é oferecer seus próprios serviços de mensagem, como o Rich Communication Suite (RCS). Esse recurso permite trafegar via IP mensagens instantâneas e arquivos multimídia. Trata-se de uma ferramenta nova e que ainda não está plenamente difundida, mas é um pequeno exemplo de que as operadoras estão se mexendo e não querem ficar para trás.