07/07/2001 - 7:00
Até o ano ano passado, eles poderiam ser chamados de casa da sogra da Internet. Mas o número de hóspedes cresceu tanto que hoje seria melhor fazer uma analogia com um hotel que recebe de braços abertos, sem cobrar a diária. Em um ano e meio de existência, o hpG ? sigla para ?home-page grátis? ? conquistou uma legião composta por gente de todo o tipo, de fãs de jogos a adeptos da meditação. O número de sites criados por eles e alocados no hpG subiu de 35 mil em junho de 2000 para os atuais 510 mil. O avanço trouxe dois trunfos dignos de nota para os cinco rapazes que se uniram para montar o portal. Em primeiro lugar, a diversidade de assuntos e a multiplicidade de endereços se refletiram fortemente na audiência. O hotel virtual comandado pelo quinteto de fundadores está em terceiro lugar no ranking de domínios do Ibope/NetRatings, ficando atrás somente do Universo Online e seu filho BOL. ?Eles são um serviço brasileiro que já desbancou um concorrente internacional de peso, o Yahoo Geocities?, diz Alexandre Magalhães, analista de Internet do Ibope. ?Entre os que estão na lista, são certamente os mais surpreendentes.? O segundo trunfo provocou ainda mais o olho gordo dos demais. A explosão da audiência atraiu anunciantes como IBM, Coca-Cola e o Banco do Brasil, que compraram espaços publicitários e contribuíram para que o portal obtivesse um feito raro na Internet: marcou com caneta azul os balanços financeiros de novembro e fevereiro, e está perto de repetir a dose em junho. ?Nós somos a maior prova de que publicidade na Internet é um modelo que funciona?, diz Caio Paes de Andrade, ex-PSINet e um dos diretores do hpG.
utra peculiaridade na trajetória do portal é que, para recrutar usuários, não foi gasto um centavo para comprar outdoor ou envelopar ônibus urbanos. Isso porque o hpG não contou com investidores abastados dispostos a injetar capital a perder de vista para divulgar a marca. O dinheiro veio do bolso de quatro antigos funcionários do STI, então o quarto maior provedor de acesso brasileiro. Em 1999, eles se juntaram a Andrade para dar um destino à bolada que ganharam dos americanos da PSINet, que comprou o STI. Quando o instituto Jupiter Media Metrix iniciou a contagem da audiência na Internet brasileira, o HPG estava em 12o lugar. Em maio já estava em 4o, um aumento de 94% no total de visitas. ?É um índice maior que o da Internet como um todo, que cresceu 29% nesse período?, diz Angela Marsiaj, diretora-geral do instituto Jupiter Media Metrix no Brasil. O aumento exigiu mais da infra-estrutura e a situação chegou num limite no final de outubro, quando o endereço ficou fora do ar por excesso de tráfego. O jeito foi comprar servidores. Dos 15 que existiam em julho do ano passado, hoje são 58. Mas o investimento valeu a pena. Com cadeira cativa entre os dez maiores da rede, o hpG passou a ser cobiçado pelos grandes portais e sites ligados a grupos de mídia ou a investidores estrangeiros. ?Invariavelmente, todos eles tiveram algum tipo de conversa com a gente?, admite Andrade, do hpG.
O apetite pelo hpG se justifica pela baixa penetração da Internet
no Brasil, que obriga os anunciantes a colocar seus investimentos nos endereços de maior audiência. ?A verba publicitária está concentrada nos dez ou nos cinco de maior audiência?, diz
Andrade. O êxito que alcançaram até agora levou os integrantes
da trupe a montar a Webforce Networks. A empresa investe em
dois outros sites, o Acerte na Mosca e o Futebol ao Vivo, e está usando da experiência adquirida no mercado para prestar consultorias a outros sites. Só este ano foram três trabalhos para o Banco do Brasil e o próximo já está na prancheta. O Banco precisava atrair tráfego para os portais de esporte e de cultura, mas não sabia como. E pediu ajuda. Em quatro semanas, os dois endereços contavam com 10 mil cadastrados.