29/09/2004 - 7:00
Não se deixe enganar pelas aparências. A regata Volvo Ocean Race, a antiga Whitbread, que percorre o mundo ao longo de oito meses, não é apenas esporte. A prova, a mais respeitada do planeta ao lado da lendária America?s Cup, tornou-se um negócio milionário. Envolve investimentos superiores a US$ 200 milhões e expõe marcas de peso a um público de 1,5 bilhão de pessoas coladas diante da televisão na Europa e nos EUA. É uma espécie de Fórmula-1 dos mares tanto no volume de investimentos como nas novidades tecnológicas presentes nas embarcações. Participar da travessia garante, de certa forma, status para qualquer nação. O mais novo integrante deste grupo de 10 concorrentes é o Brasil. Em 12 de novembro de 2005, zarpará do porto da cidade de Vigo, na Espanha, o ?Brasil 1?. Será o primeiro time formado no País a disputar a Volvo Ocean Race. ?É um dos maiores desafios da minha vida?, disse à DINHEIRO Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas, duas delas douradas, ao lado de Marcelo Ferreira. Torben será o capitão do barco na Volvo Ocean Race.
Quatro equipes já confirmaram presença: a ABN-Amro, da Holanda, a Premier Challange, da Austrália, a Telefonica, da Espanha e o ?Brasil 1? patrocinado pela operadora de telefonia Vivo e pelas empresas de tecnologia Qualcomm e Motorola. Cada time pagou 500 mil euros de inscrição e terá de desembolsar, no mínimo, US$ 15 milhões para disputar a regata. Tanto dinheiro é explicado pelo arsenal de tecnolo-
gia empregado nas embarcações. ?A construção do barco custará US$ 5 milhões?, diz Enio Ribeiro, diretor de marketing da Vela Brasil, empresa de marketing esportivo. O estaleiro encarregado da missão é o ML Boatworks de Indaiatuba, em São Paulo.
As novidades tecnológicas sopram da proa à popa. As estruturas do casco e convés são em fibra de carbono impregnada com resina de epóxi. Os materiais garantem maior leveza ao barco. Um exemplo: na prova anterior ocorrida em 2001/2002, as embarcações eram 1 tonelada mais pesadas do que as que disputarão a próxima regata. ?Cada quilo a menos é garantia de mais velocidade?, diz Alan Adler, diretor da Vela Brasil e um dos maiores especialistas do esporte náutico no País. As 24 velas também levam materiais inovadores na sua confecção. São feitas com fios de kevlar e spectra, fibras de alta resistência. O mastro de 31,5 metros, quatro a mais do que nos barcos que disputaram a última Volvo Ocean Race, serão produzidos em fibras de carbono.
Como ocorre nas pistas de asfalto da F-1, para prosseguir na comparação, a travessia pelo oceanos resultará em equipamentos lançados no cotidiano. Justamente por isso a regata é uma vitrine para as empresas de tecnologia. Dentro do ?Brasil 1? haverá uma ilha de edição na qual os tripulantes terão de repassar 20 minutos de filme diários para a organização do evento. O mesmo filme poderá ser visto no site e nos aparelhos celulares da Vivo. A empresa de telefonia oferecerá também um aparelho celular que funciona no sistema GSM e CDMA para cada tripulante. ?Lançaremos no mercado no fim deste ano?, diz Roger Solé, diretor de negócios de dados da Vivo. A Qualcomm, por sua vez, prepara uma série de traquitanas para o time verde e amarelo. ?Poderemos levar a tecnologia de telefone via satélite para os tripulantes?, diz Marco Aurélio de Almeida Rodrigues, presidente da Qualcomm do Brasil. Deste modo poderiam falar ao telefone até mesmo em alto-mar, onde não há antenas de transmissão. Fora isso, o barco ainda terá dois satélites, acesso à internet e uma mesa de informações meteorológicas. ?Teremos o que há de mais moderno no mercado?, diz Adler.
![]() | |||
![]() | |||
|