15/01/2025 - 9:50
O setor de serviços brasileiro apresentou retração mais forte do que o esperado em novembro depois de ter atingido o pico da série histórica no mês anterior, mas ainda deve ter encerrado 2024 com desempenho positivo.
O volume de serviços teve em novembro queda de 0,9% em relação ao mês anterior, em resultado pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,3%. Essa foi a retração mais intensa até então no ano, que teve apenas quatro taxas negativas, e a mais forte para meses de novembro desde 2015.
Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostraram ainda alta de 2,9% sobre o mesmo mês do ano anterior, contra projeção de 3,4%.
Mas mesmo depois de ter registrado retração mensal em ajuste após atingir o maior volume na série histórica iniciada em 2011, o volume do setor acumula crescimento de 3,2% entre janeiro e novembro, e 2,9% em 12 meses.
“No ano temos alta em quatro dos cinco setores e apenas transporte em queda. Os números no geral são positivos para o setor”, disse Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa. “A queda de novembro não representa uma mudança de rumo ou trajetória. O que temos é uma base alta e um primeiro dado negativo sem mudança de rumo, até porque se concentra em duas atividades que ainda têm saldo positivo nos últimos meses”, completou.
O crescimento dos serviços ao longo de 2024 está ligado à força do mercado de trabalho, com crescente nível de renda da população, o que vem se destacando na expansão do PIB.
Ao mesmo tempo, no entanto, isso mantém a preocupação com a inflação, que estourou o teto da meta no ano passado, e mantém o Banco Central sob pressão depois de já ter elevado a taxa básica de juros Selic a 12,25% e indicado mais dois aumentos de 1 ponto percentual.
“O setor de serviços continua forte e desacelera de forma lenta. Para o futuro, esperamos que esse cenário se mantenha ao longo do ano, apesar da recente deterioração do quadro inflacionário e da consequente necessidade da elevação da taxa de juros”, avaliou Igor Cadilhac, economista do PicPay.
O IBGE destacou que, em novembro, duas das cinco atividades de serviços pesquisadas tiveram resultados negativos frente a outubro: transportes, com queda de 2,7%, e serviços profissionais, administrativos e complementares, que recuaram 2,6%.
Por outro lado, mostraram ganhos as atividades de informação e comunicação (1,0%), outros serviços (1,8%) e serviços prestados às famílias (1,7%).
Já o índice de atividades turísticas recuou 1,8% em novembro sobre o mês anterior.
“A alta dos preços das passagens aéreas em novembro exerceu uma pressão negativa importante sobre a receita real das companhias aéreas, o que acabou trazendo um reflexo negativo relevante sobre o indicador especial de turismo neste mês”, disse Lobo.