07/03/2018 - 17:09
O estoque de gestão de patrimônio cresceu 12,25% no ano passado em comparação ao ano anterior, para R$ 98 bilhões, informou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). O volume tende a crescer mais em 2018, na opinião de Richard Ziliotto, diretor da Anbima.
“Com a inclusão do código de gestão de patrimônio, como um capítulo do código de autoregulação de administração de recursos de terceiros, o antigo código de gestão de fundos, esperamos um ingresso maior de casas à base de nossa estatística”, disse Ziliotto. O novo código de administração de recursos está em audiência pública. Além disso, ele lembrou que a indústria vem crescendo, com uma grande contribuição das fintechs.
O diretor da Anbima destacou que a manutenção do patamar de 15% para os investimentos em renda variável ao longo dos últimos cinco anos, como uma indicação da maturidade dos investidores. “É um indicador importante, porque depende de aprendizado e demonstra que a diversificação de carteira está sendo bem feita, que há profissionais atuando na alocação de ativos. Não fosse isso, não veríamos essa evolução, que é independente da melhora da bolsa”, disse. No ano passado, 16% dos ativos estavam alocados em renda variável, um aumento em relação ao ano anterior, quando estava em 15,5%. Em 2015, o porcentual era menor, em 12,9%.
A alocação em renda fixa seguiu na liderança, em 45,1% das carteiras. “A busca por ativos isentos continua, mas há falta de oferta”, observou. Os fundos multimercados tiveram participação de 28,1% nas carteiras, contra 20,8% no ano anterior, com gestores também em busca de diversificação. As alocações em previdência aumentaram para uma participação de 2,1% em 2017, ante 1,6% em 2016.
Ziliotto considera que o ano de 2018 será complexo em termos de alocação, não só pela queda no juro, mas pelo ambiente político conturbado, que causa volatilidade. Segundo ele, se houver a percepção de que o candidato a prevalecer nas eleições seja contrário as diretrizes ortodoxas que vem sendo adotadas na economia, pode haver aumento na evasão de investimentos para o exterior. “A diversificação de investimentos no exterior é uma estratégia tradicional na gestão de grandes patrimônios e adotada em qualquer situação. No entanto, havendo uma percepção ruim do pleito eleitoral deste ano, a evasão pode aumentar”, disse.
IOF
A elevação da alíquota do IOF tem impacto relativo nas carteiras, segundo Ziliotto. “Qualquer mudança de imposto impacta nas carteiras, mas em gestão de portfólio, planejamento financeiro e gestão patrimonial é preciso fazer um bom planejamento tributário”, disse. De acordo com ele, o ideal é projetar a carteira de acordo com a necessidade de liquidez e, considerando que a alocação de patrimônio é de médio para longo prazo, uma boa alocação pode minimizar o impacto, lembrando que o imposto é regressivo.