O empresário Daniel Vorcaro, principal acionista do Banco Master, vai injetar R$ 2 bilhões na instituição financeira, em uma operação que conta com a aprovação do Banco Central, como parte integrante do processo de venda de ações para o Banco de Brasília (BRB). Boa parcela dos recursos desse aumento de capital tem como origem a alienação de ativos que Vorcaro fez para o BTG Pactual em maio.

Em 17 de junho, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já havia decidido aprovar, sem restrições, o acordo entre o BRB e o Banco Master. A aprovação pelo Cade torna-se definitiva após 15 dias, caso não haja manifestação pelo Tribunal do Cade ou recursos por terceiros interessados.

Pelos termos do acordo negociado entre as duas instituições financeiras, os ativos que não forem adquiridos pelo BRB permanecerão com Vorcaro, que poderá buscar outro sócio para esses negócios.

As negociações entre os dois bancos foram anunciadas em março, quando o Conselho de Administração do BRB autorizou a diretoria da instituição a comprar 58% das ações (entre ordinárias e preferenciais) do Banco Master, em negócio avaliado em R$ 2 bilhões.

Com a aquisição, o BRB passará a ter 15 milhões de clientes, R$ 112 bilhões em ativos, R$ 72 bilhões em carteira de crédito e mais de R$ 100 bilhões em captações. Trata-se de uma das mais significativas transações entre instituições financeiras no País nos últimos anos.

O novo conglomerado terá um patrimônio líquido (PL) de R$ 10 bilhões e R$ 140 bilhões em ativos, passando a ser classificado como um banco S2 — e com a perspectiva de ser elevado a S1, o degrau mais alto na classificação de importância sistêmica, o equivalente ao nível do Itaú e Bradesco.

Sistema de pagamento em iuanes

Na sexta-feira, 20 de junho, o Banco Master informou, em sua participação na China International Financial Exhibition 2025, em Xangai — um dos maiores eventos do setor financeiro na Ásia — que passou a operar com o Cross-Border Interbank Payment System (Sistema de Pagamentos Interbancários entre Países, Cips, na sigla em inglês), uma tecnologia chinesa que permite realizar pagamentos internacionais em iuanes com mais agilidade, segurança e integração direta com o sistema financeiro chinês.

O Master informou ser o único banco da América Latina a operar com o Cips, um sistema de compensação e liquidação de pagamentos internacionais, criado para permitir que bancos e instituições financeiras realizem pagamentos em iuanes diretamente, sem a necessidade de converter a moeda para dólares americanos (como era comum no sistema tradicional via Swift).

O Swift (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication) é um sistema global de mensagens utilizado por bancos e instituições financeiras para enviar e receber informações sobre transações financeiras, especialmente transferências internacionais.

Segundo Felipe Wallace Simonsen, head de câmbio do Banco Master, a opção de usar o sistema de pagamento Cips contribui para tornar mais fluida troca de divisas entre o Brasil e a China.

No primeiro semestre de 2025, na relação entre os dois países, o Brasil registrou um fluxo cambial total negativo de US$ 9,995 bilhões, com entrada líquida de US$ 22,793 bilhões no canal comercial (exportações e importações) e saída líquida de US$ 32,788 bilhões no canal financeiro (investimentos, remessas, juros etc.).

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, especialmente na exportação de commodities como soja, minério de ferro e petróleo. O uso crescente do Cips tem facilitado transações diretas em iuanes entre os dois países, reduzindo a dependência do dólar e do sistema Swift.

A China International Financial Exhibition 2025 ocorreu entre os dias 18 e 20 de junho e reuniu os principais concorrentes globais para discutir o futuro do setor financeiro, inovação e cooperação internacional.