03/08/2020 - 19:44
Na segunda-feira, 3, Marcelo Behar, vice-presidente de Sustentabilidade da Natura & Co, grupo formado pelas marcas Natura, Avon, The Body Shop e Aesop, participou da entrevista ao vivo da IstoÉ Dinheiro. Em conversa com o editor de negócios da revista, Hugo Cilo, ele falou da mais recente polêmica que envolve a ação de marketing da empresa, quarta maior empresa global no setor de beleza, depois de contratar o transsexual Thammy Miranda como um dos garotos-propaganda para a campanha publicitária “Dia dos pais”. A ação de marketing tinha como objetivo ampliar as representações do homem contemporâneo. Além de um comercial de TV, a campanha conta com uma estratégia de influenciadores. Nomes como Henrique Fogaça, Rafael Zulu, Babu Santana e Thammy Miranda publicariam vídeos em suas redes sociais contando um pouco da experiência de ser pai. “É uma campanha que vem das crenças da Natura”, afirma Behar. “É mais do que uma mera comunicação de produtos, também é a defesa de conceitos importantes que valorizam as crenças do grupo”, avalia.
A propaganda despertou um intenso debate na internet e deixou a ala conservadora das redes sociais revoltada, com ofensas e até proposta de boicote à marca. Por outro lado, ganhou aplausos daqueles que defendem o aumento da diversidade na sociedade e nas empresas. As ações da empresa chegaram a subir 10,09% na quarta e quinta-feira da última semana, quando o papel da companhia atingiu R$ 48,80 por ação, maior valor desde o final de fevereiro e a maior variação positiva entre os papéis que compõem o Ibovespa, principal índice da B3, no período. “Agradar ou desagradar é do jogo. Estamos seguindo a consciência dos princípios do grupo. Nosso papel também é valorizar a diversidade. A Natura nunca teve nenhum receio de trazer o que é mais novo para dentro dos seus materiais de comunicação e o que é respeitoso com todas as pessoas.”
A campanha publicitária incorpora-se às mudanças que a Natura tem projetado para o futuro. A empresa pretende investir US$ 800 milhões em um plano de sustentabilidade para os próximos dez anos. Chamado de “Compromisso com a Vida”, o projeto abrangente de sustentabilidade vai intensificar suas ações para enfrentar algumas das questões globais mais urgentes, incluindo a crise climática e a proteção da Amazônia, a defesa dos direitos humanos e a garantia de igualdade e inclusão em toda a sua rede, além de abraçar a economia circular. “Não dá para falar em negócios com a Planeta destruído. Dá para produzir e preservar a natureza.” O principal objetivo do grupo é zerar totalmente a sua emissão de carbono até 2030, vinte anos antes do compromisso firmado com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Na live, o vice-presidente da Natura falou sobre uma maior intensificação do combate à crise climática e também à proteção da Amazônia, a defesa dos direitos humanos e redução da desigualdade – tanto entre pobres e ricos, quanto entre gêneros e raça. Um exemplo, que ele citou na entrevista, é que a empresa promete igualdade salarial entre homens e mulheres até 2023. Mais que isso. A empresa também se compromete a ir além da meta de ter 30% de mulheres em posição de liderança, mínimo recomendado pela ONU, e alcançar o percentual de 50% em três anos. “Vamos também equipar os salários entre homens e mulheres na empresa. Os cuidados com o tecido social é o que constrói o grupo Natura.”
Marcelo Beher, que é sociólogo e com bacharelado em direito, também falou que a empresa quer abraçar a economia circular. A meta é que todos os materiais da empresa sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis até 2030. “É importante a sociedade avançar em temas que são contemporâneos”, concluiu.