Na visão do CEO da Vulcabras, Pedro Bartelle, a indústria calçadista brasileira – assim como várias outras – é ‘produtiva, mas não competitiva’ no panorama atual, ainda tendo que enfrentar uma concorrência que o setor considera desleal.

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O executivo conta que atualmente metade dos custos da Vulcabras são mão de obra.

“O setor é altamente produtivo, só não é competitivo porque não tem os custos asiáticos. A mão de obra é bastante relevante. Por exemplo, a Vulcabras, uma empresa que emprega 24 mil colaboradores e mais de 50% do custo do tênis que a gente fabrica é mão de obra. E a mão de obra na Ásia chega a ser um terço da nossa”, afirma.

Assim, o executivo defende ‘um olhar mais preciso’ sobre importações de calçados da China e do continente asiático como um todo, com preços geralmente ‘altamente liquidados’ e subsidiados.

“Hoje a gente aprendeu a trabalhar com isso. A gente tem muito mais agilidade na entrega, a gente consegue oferecer para nosso consumidor e para nosso cliente um melhor negócio, mas se um dia a gente tivesse condições igualitárias de competição [com a Ásia], o mercado brasileiro se expandiria e quem sabe a gente voltaria a ser um grande exportador.”

Atualmente somente 5% da produção da companhia é exportada, sendo que em anos passado essa fatia chegou a ser de 15%. Um dos grandes mercados endereçados era a Argentina, que passou a ter uma relevância muito menor por conta do caos macroeconômico dos últimos anos.

A Vulcabras vive um bom momento em 2025, com alta acumulada de 38% no ano, na esteira de resultados melhores do que o esperado.

No seu resultado trimestral mais recente, referente ao terceiro trimestre de 2025, a companhia anotou lucro líquido de R$ 163 milhões, com R$ 211 milhões de Ebitda e um faturamento de R$ 956 milhões.

Analistas da XP destacaram ‘números fortes’, com crescimento acelerado da receita e sinais de melhora nos desafios temporários relacionados ao pessoal, reiterando recomendação de compra para VULC3.

“A empresa continuou apresentando tendências sólidas de receita em todas as marcas, com pressão na margem bruta devido aos investimentos contínuos em pessoal, enquanto os maiores investimentos em marketing foram compensados pela diluição das despesas de venda. Além disso, apesar de atuar em um ambiente competitivo intenso, a Vulcabras compartilhou indicações positivas para o 4º trimestre, e a diretoria permanece confiante de que os investimentos recentes na fábrica devem se normalizar e apoiar resultados positivos adiante”, diz a casa.

Vulcabras crescer há mais de 60 meses

Pedro Bartelle frisa que a companhia tem conseguido manter consistência na entrega de resultados, mirando aumento de market share e do ROIC.

“A empresa cresce há 21 trimestres consecutivos. São os melhores resultados do setor, o ano que vem está praticamente mapeado e já estamos trabalhando em 2026 com uma perspectiva muito boa de crescimento.”

Na faturamento da Olympikus, mais de 20% já está endereçado ao mercado de corrida, que vem crescendo nos últimos anos, fruto de esforços de marketing da empresa para aumentar a ‘conexão com a comunidade’.