Cartéis de drogas mexicanos lavaram centenas ou até bilhões de dólares por meio de um dos maiores bancos do Estados Unidos, o Wachovia Bank, que admitiu ter responsabilidade no caso e fechou um acordo judicial com as autoridades, disseram fontes judiciais nesta quarta-feira.

Durante quatro anos, entre maio de 2003 e maio de 2007, o Wachovia Bank realizou operações com casas de câmbio mexicanas que serviram para a lavagem de ativos de grupos do narcotráfico, informou o Departamento de Justiça americano.

O banco não controlou adequadamente operações que tinham potencial de ser lavagem de dinheiro – ao todo, foram 420 bilhões de dólares de transações financeiras feitas nesse período com casas de câmbio mexicanas.

Parte desse dinheiro foi utilizada para a compra de aviões destinados às operações do narcotráfico. Posteriormente, mais de 20 toneladas de cocaína foram confiscadas nesses aviões, segundo documentos do caso.

“O flagrande desprezo do Wachovia por nossas normas bancárias deu aos cartéis internacionais de droga carta branca para financiar suas operações mediante a lavagem de ao menos 110 milhões de dólares obtidos no tráfico de drogas”, disse o procurador americano Jeffrey H. Sloman.

Como parte do acordo com o Departamento de Justiça americano, o Wachovia conseguiu adiar por 12 meses uma ação criminal, e aceitou o embargo de 110 milhões de dólares e o pagamento ao Tesouro de uma multa de 50 milhões de dólares.

O banco deve pagar um total de 160 milhões de dólares dentro dos cinco dias posteriores ao acordo.

Se o banco cumprir o acordo e o compromisso de total cooperação, o governo americano deverá retirar o processo criminal em um prazo de 12 meses, disse um comunicado do Departamento de Justiça.

O acordo foi ratificado nesta quarta-feira na corte federal de Miami, a cargo da juíza Joan Lenard.

Com a fusão do Wachovia Bank com o Wells Fargo Bank nas próximas semanas, o acordo judicial obriga essa última entidade, como sucessora do Wachovia, a cumprir com o compromisso e as normas de controle bancário, disse o comunicado do Departamento de Justiça.

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