Na terça-feira 12, um Boeing 737-300 vai decolar do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro às 7h00, em direção a Brasília. O que poderia ser mais uma viagem de rotina é, na verdade, a primeira de uma série de escalas que a novata Webjet pretende fazer nos céus do País. A companhia é fruto do desembolso de R$ 10 milhões feito por um grupo de cinco investidores, capitaneado pelo advogado Rogério Ottoni. Ele não revela o nome dos sócios. No primeiro ano de atividade Ottoni espera atingir receita bruta de R$ 100 milhões com suas duas aeronaves. E apesar de operar com estrutura enxuta de funcionários, vender bilhetes pela internet e via telemarketing, além de fornecer um serviço de bordo espartano, Otonni repudia comparações com a Gol Linhas Aéreas ? pioneira por aqui no sistema de baixo custo ? baixa tarifa (low cost-low fare). ?Não estou reinventando a roda nem copiando modelos estabelecidos?, diz.

No rastro da Webjet, outras oito empresas aguardam autorização do Departamento de Aviação Civil (DAC) para voar. Como já existem 32 firmas registradas, cabe uma pergunta: afinal, existe espaço para tanta gente no céu do País? O DAC garante que sim. Essa visão, no entanto, não é compartilhada pelo empresário Aramis Maia, que fundou a Nacional Linhas Aéreas em 2000, mas teve de fazer um pouso forçado dois anos depois. ?Fui vítima de uma combinação perversa de dólar e petróleo em alta, emoldurada pela desaceleração econômica. Outro complicador é a brutal carga tributária?, argumenta. ?Se o governo não fizer mudanças profundas e encarar o setor como vital para o desenvolvimento do Brasil, todas as companhias, incluindo a Gol, vão quebrar. Mais cedo ou mais tarde?, alerta Maia.

Ottoni diz, contudo, que sua Webjet terá uma trajetória diferente: ?Vamos crescer de forma equilibrada e sem loucuras tarifárias?, avisa. O empresário já tem autorização para atuar no Rio, Porto Alegre, Brasília e São Paulo e quer incluir em sua malha mais cinco cidades: Salvador, Recife, Curitiba, Florianópolis e Belo Horizonte. Tudo isso, até o final de 2006. Os interessados em embarcar no vôo inaugural terão de pagar R$ 238. A rival Gol cobra R$ 319.