03/03/2023 - 5:40
Brasil segue sem projeto definido de Estado para o universo da mobilidade elétrica, erro estratégico que companhias de ponta não podem cometer. É nesse contexto que a catarinense WEG, uma das maiores do mundo no setor de motores e equipamentos elétricos, investirá R$ 100 milhões para expansão da capacidade de produção de packs de baterias de lítio até 2024. Decisões como essa, que antecipam movimentos, refletem no valor da companhia. Ela encerrou fevereiro com alta de quase 3% no preço das ações na B3 e se tornou um dos principais destaques da bolsa. No ranking de recomendações da plataforma TradeMap, que concentra análises de 15 instituições do mercado de capitais, seus papéis estão no Top 5 de março e foram recomendados por 40% das corretoras.
Os investimentos da WEG serão realizados no parque fabril de Jaraguá do Sul (SC) e, além de aumentar as dimensões do prédio atual (este ano), a companhia construirá outra fábrica (até o primeiro semestre de 2024). Fornecedora no mercado de armazenamento de energia por bateria (BESS) nos Estados Unidos, ela aposta na aceleração do setor também no Brasil. “Vamos atender à crescente demanda do mercado de mobilidade elétrica no País, principalmente para o segmento de ônibus e caminhões”, disse Carlos José Bastos Grillo, diretor-superintendente WEG Digital e Sistemas. Com a conclusão de todas as fases do investimento, a empresa alcançará capacidade para oferecer mais de 1GWh de packs de baterias por ano.
Com a conclusão do projeto, a área construída disponível para a fabricação de packs de baterias será de aproximadamente 6.000 m². “Reforçaremos no Brasil nossas soluções para armazenamento de energia por bateria (conhecido por Bess), bem como ampliaremos a oferta para o mercado naval, que também busca soluções eletrificadas para redução de emissões”, afirmou Grillo. O projeto deverá gerar aproximadamente 140 empregos e terá soluções de automação, digitalização e indústria 4.0 fornecidas pela WEG.
A WEG está alinhada com as expectativas do mercado que pressiona por uma produção cada vez mais sustentável com uso de energia limpa, exatamente o modal que absorve o uso de baterias, o foco declarado da empresa no Brasil. Para o professor da Fundação Dom Cabral e doutor em administração Paulo Alves, o mercado de energia limpa tem muito para crescer. “O desafio ainda é o preço da energia [limpa] em comparação a outras”, disse.
RESULTADOS No último trimestre de 2022, a WEG teve receita operacional líquida de R$ 8 bilhões (+22% sobre o mesmo período de 2021), o Ebitda atingiu R$ 1,5 bilhão (+38,6%) e o lucro líquido foi de R$ 1,2 bilhão (+36,5%). No consolidado do ano, os resultados também foram extremamente positivos. Receita líquida de R$ 29,9 bilhões (+26,9% sobre 2021), Ebitda de R$ 5,6 bilhões (+20,1%) e lucro líquido de R$ 4,2 bilhões (+17,3%).
Das receitas, 50,3% vêm do mercado externo e 49,7% do interno. Mas a operação no Brasil cresceu 38,4% na variação anual, contra 17,3% dos negócios no exterior. Segundo os executivos da empresa, por aqui o desempenho se deu em função da demanda por equipamentos industriais como motores elétricos e componentes de automação, assim como nas soluções relacionadas à geração de energia renovável, especialmente eólica e solar, além de transmissão e distribuição. Fundada em 1961, a WEG é uma empresa com operações industriais em 15 países e presença comercial em mais de 135. Uma gigante tocada por mais de 39 mil colaboradores que não vai esperar para entrar no promissor mundo da mobilidade elétrica.