15/03/2017 - 10:48
O presidente do Banco Central da Alemanha (Bundesbank), Jens Weidmann, alertou hoje que o plano dos EUA de desregulamentar o setor financeiro pode ter efeitos indesejados e pediu que a última rodada de discussões sobre regras para os bancos globais seja concluída em breve, dias antes de autoridades financeiras dos EUA viajarem para a Alemanha para se reunir com dirigentes europeus e internacionais da área.
“Fazer a desregulamentação com a expectativa de estimular a economia pode ser um tiro pela culatra”, disse Weidmann durante uma conferência da indústria financeira em Frankfurt, antes de uma reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo dos 20 países mais industrializados (G-20) em Baden-Baden, na sexta-feira e sábado.
Segundo Weidmann, mercados financeiros que não sejam suficientemente regulados “podem causar prejuízo significativo à prosperidade econômica se ocorrer uma crise” e o G-20 precisa “manter o compromisso de implementar reformas regulatórias e sua clara rejeição à arbitragem regulatória”.
A flexibilização da regulação financeira foi um ponto crucial da campanha eleitoral do presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu eliminar a lei Dodd-Frank, um pacote de regulações para o setor financeiro que tinha o objetivo de evitar uma repetição da crise financeira mundial.
Discussões para concluir um novo conjunto de exigências globais de capital, conhecido como Basileia III, foram adiadas após a eleição de Trump.
Para Weidmann, as exigências de capital tornaram o sistema financeiro global mais estável e é preciso que os governos voltem à mesa de negociações.
Weidmann também alertou contra a crescente tendência de protecionismo nos dois lados do Atlântico e apelou aos governo que evitem sobrecarregar os bancos centrais, que lançaram amplos programas de estímulo nos últimos anos numa tentativa de sustentar o crescimento e a inflação.
“As políticas monetárias devem estar em linha com o mandato dos bancos centrais e não ultrapassá-lo ou minar a legitimidade da independência dos bancos centrais.” Fonte: Dow Jones Newswires.