03/10/2014 - 20:00
Nos últimos dois anos, a americana Western Union decidiu investir R$ 100 milhões no Brasil. A quantia era o empurrão que faltava para a empresa colocar em prática os planos traçados em 2010, quando a operação brasileira foi considerada pouco diversificada. Há 17 anos no País, a Western Union nunca chegou a ter o prestígio e a importância correspondentes ao que desfruta nos Estados Unidos, onde é comparada à Coca-Cola pelos professores das escolas de negócios de universidades como Harvard e Stanford, nas discussões sobre grandes marcas.
Para uma empresa com faturamento global de US$ 5,5 bilhões, a contribuição do Brasil na área de câmbio é praticamente insignificante, menos de US$ 15 milhões. Em 2020, tudo deverá ser diferente. Até lá, a meta da centenária empresa americana é ser a maior corretora de câmbio do País e aumentar presença nas operações de cartões pré-pagos e de troca de moedas entre empresas. “Mapeamos o mercado e percebemos que tínhamos apenas uma fatia do potencial que ele representava”, diz Felipe Buckup, presidente da Western Union no Brasil. “Começamos apenas com transferências internacionais, depois vieram as transferências domésticas e agora estamos expandindo a operação de câmbio.”
Para dar musculatura ao projeto, a Western Union adquiriu a estrutura de câmbio de varejo da corretora paulista Fitta, uma das dez maiores do País. As conversas para fechar a compra da Fitta, que se concretizou em março deste ano por valor não revelado, tiveram início no final de 2012. A Western Union buscava um parceiro com uma estrutura relevante no segmento de câmbio, enquanto a Fitta estava limitada a crescer sozinha por não ter autorização para operar como um banco – a americana conquistou a sua junto ao Banco Central (BC) em 2011.
“Juntamos a necessidade de crescimento de uma empresa global, no segmento de câmbio, com uma oportunidade de contarmos com a estrutura de um banco”, diz André Nunes, presidente do Grupo Fitta. “Estávamos limitados, pois não podíamos fazer operações acima de US$ 100 mil por não sermos um banco.” Após a fusão, a Western Union, que se limitava a operar uma loja, na capital paulista, passou a atuar com 23 unidades próprias, uma rede de 500 correspondentes e 60 agências franqueadas.
A movimentação de compra e venda de moedas da empresa, que chegara a US$ 330,8 milhões em 2013, já passa de US$ 1,7 bilhão neste ano, até o mês de agosto, segundo o BC. A Fitta liderou as transações entre as corretoras de varejo em 2013, com US$ 4 bilhões em compra e venda de divisas. A tendência é que esse mercado seja disputado cada vez mais por grandes corretoras, um sinal de que novas fusões podem vir a acontecer. Esse movimento de consolidação teve início quando o Banco Rendimento comprou a corretora Cotação, a sétima do ranking nacional, em 2001.
“Estávamos crescendo, mas tínhamos limitações”, diz Nelson Gasparian, diretor da Cotação. “Depois da chegada do banco, conseguimos sofisticar nossas operações”, afirma Gasparian. Com os brasileiros gastando cada vez mais em viagens internacionais, a despeito do dólar desfavorável e do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 0,38% para 6,38% para a compra de dinheiro e com cartões de crédito e pré-pago no exterior, a Western Union quer ser a primeira corretora a ser lembrada pelos consumidores. Repetindo, diga-se, o que leva muita gente a pensar numa Coca-Cola quando está com sede.