24/02/2025 - 12:56
A empresa matriz WeWork Companies adquiriu os 49,9% da WeWork Brasil pertencentes ao Softbank e agora é novamente única proprietária da operação brasileira do negócio. O negócio recebeu a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) na última sexta-feira, 21.
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A locadora de escritórios compartilhados funcionava como uma joint venture com o Softbank desde que aterrissou no país, em 2017. Depois de crescer aceleradamente e se tornar líder do segmento, a WeWork Brasil passou no entanto a sofrer problemas financeiros que culminaram na inadimplência com diversos locadores em 2024.
“A reintegração da WeWork Brasil em nossa estrutura global é um passo importante para consolidar nossa posição no País e reflete nosso compromisso em firmar a bandeira da marca nesta importante região do mercado latino-americano”, disse o CEO global da WeWork, John Santora, em nota após a compra da operação brasileira.
Até o final de 2023, a empresa possuía 32 unidades em operação no país. Em meio a crise e aos calotes, foi alvo de ações de despejo e informa agora ter 28 escritórios ainda em funcionamento no Brasil.
“Esperamos unificar nossas equipes sob uma missão global para manter a posição da WeWork como uma plataforma imobiliária global líder”, disse o presidente regional na América Latina sobre o novo momento.
Cronologia da crise
A WeWork não é proprietária dos prédios em que opera. Em geral, os escritórios compartilhados são locados de fundos imobiliários e sublocados para outras empresas.
Os primeiros relatos de inadimplência da WeWork começaram a surgir em junho. Na época, os fundos imobiliários Vinci Offices, Santander Renda de Aluguéis, Torre Norte, Rio Bravo Renda Corporativa e Valora Renda Imobiliária avisaram seus cotistas sobre possíveis impactos nos rendimentos.
No final de agosto, começaram a ser noticiados processos de despejo contra a empresa por falta de pagamento de aluguéis. O período de inadimplência das ações corresponde a três meses após junho, intervalo padrão em muitos contratos de aluguel para o início de ações do tipo.
Em outubro, foi anunciado que a empresa fechou um acordo para devolver ao fundo imobiliário Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11), da gestora Rio Bravo, um imóvel que locava no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. O prédio é sede do Quinto Andar no país.
Em janeiro, foi iniciado no Cade o processo para que a parte de propriedade do banco no país fosse readquirida pela matriz estadunidense.
O que prejudicou a WeWork?
CEO da Siila, Giancarlo Nicastro considera que o modelo de crescimento da empresa foi justamente um dos responsáveis pela atual crise. Segundo o executivo, a WeWork chegou “com uma agressividade na forma de consolidar o mercado muito forte, não só no Brasil como no mundo inteiro”.
A empresa fechou vários contratos de longa duração com preços de um momento de mercado aquecido. Depois, precisou lidar com um período de pandemia e com um retorno aos escritórios lento e com preços já mais baixos no mercado.
Assim, o próprio modelo de contratos longos engessou a WeWork em um momento em que era necessário flexibilidade. Até setembro de 2024, a ocupação de escritórios ainda não havia voltado ao mesmo patamar de 2019, segundo dados reunidos pela lataforma de dados SiiLA.
A pandemia prejudicou também a matriz, que chegou a entrar com um pedido de recuperação judicial no final de 2023, aprovado em maio do ano passado.
A empresa, fundada em 2010 como uma startup, fez seu IPO na bolsa de valores de Nova York em 2021. Após chegar a ter suas ações negociadas por valores na casa dos US$ 13, a empresa tem hoje papéis negociados por centavos de dólares.