Com dois anos e meio de operação no Brasil, a empresa de aluguel de patinetes Whoosh comemora os resultados da operação e mira agora expandir sua presença para mais cidades, incluindo o Nordeste e Centro-Oeste.

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Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, Cadu Souza, diretor de Operações da Whoosh no Brasil, revelou que a frota atual chega a 7 mil patinetes — em janeiro eram 5 mil —, e que a empresa teve apenas seis roubos e furtos de equipamentos até agora. A companhia russa tem patinetes espalhados por quatro cidades brasileiras: Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

A meta da Whoosh é chegar a 10 cidades até o final de 2026, sendo três novas até o Carnaval do próximo ano, um período considerado de alta temporada para o uso de patinetes. Desde junho de 2023, quando começou a operar no Brasil, a empresa estima ter investido um total de R$ 100 milhões.

“Já foram 100 milhões de reais investidos ao longo desses dois anos e meio, e a previsão é de um investimento bem maior do que esse para os próximos anos, exclusivamente pelo fato de que os números e os resultados são muito positivos”, diz Cadu Souza

O crescimento visa mais do que dobrar o tamanho da operação, mirando agora as regiões Centro-Oeste e Nordeste. Souza aponta que a multinacional tem olhado com os “melhores olhos possíveis para o Brasil, em termos de mercado”.

Patinetes na Faria Lima (Foto: Ismael Jales)

Em São Paulo, a empresa já tinha autorização para operar em uma subprefeitura, a de Pinheiros, que engloba a Avenida Faria Lima, um de seus principais redutos, e acaba de receber liberação para funcionar também na região da Vila Mariana e da Sé. A empresa aguarda aprovação em outras cinco subprefeituras para os próximos meses.

A Whoosh conta com 300 funcionários no Brasil, sendo 70 dedicados exclusivamente às operações de rua, como suporte técnico, troca de baterias, monitoramento e rebalanceamento dos patinetes nos pontos de estacionamento.

Além dos colaboradores diretos, há uma parceria com empresas de segurança terceirizadas que atuam 24 horas por dia para prevenir roubos e atos de vandalismo.

“A gente tem toda uma questão de segurança tecnológica. Eu consigo acompanhar o patinete em tempo integral. Por exemplo, se alguém pegar um patinete, colocá-lo dentro de um carro e tentar levá-lo embora, eu vejo que ele está em uma velocidade acima de 20 km/h e aciono imediatamente a equipe de segurança. Tenho como acompanhar tudo o que está acontecendo”

Economia de tempo x segurança

Os patinetes têm autorização para circular a uma velocidade máxima de 20 km/h, o que pode parecer pouco, mas, para muitos usuários, é uma forma eficiente de driblar o trânsito e economizar tempo.

Apesar de também serem vistos como uma opção de lazer, o propósito da Whoosh é se posicionar como uma solução de transporte urbano, o que o diretor chama de transporte de última milha. As corridas têm, em média, 12 minutos de duração, percorrendo aproximadamente 2 quilômetros.

No caminho de volta para casa, Camila Rossete contou à IstoÉ Dinheiro que utiliza o patinete todos os dias. Moradora de São Caetano do Sul e funcionária em um escritório na Avenida Juscelino Kubitschek, zona sul de São Paulo, ela faz o trajeto entre a Estação Faria Lima do metrô e o trabalho usando o patinete. “Uma economia absurda de tempo”, relata.

Camila Rosseti (Foto: Ismael Jales/ IstoÉ Dinheiro)

“A demora dos ônibus aqui é absurda, a gente acaba ficando 40, 45 minutos esperando. Economizei no meu tempo. Levava cerca de duas horas considerando todo o trajeto. Hoje, com o patinete, ganho uma hora, porque aqueles 45 minutos, uma hora que eu ficava entre esperar o ônibus e chegar na estação, agora chego mais cedo em casa”, conta.

A ressalva de Camila é quanto à segurança. Ela relata que já sofreu algumas quedas, mas sem ferimentos graves. “Não é o meio de transporte mais seguro, mas ajuda demais.”

Segundo a Whoosh, a empresa registrou apenas sete acionamentos do seguro até o momento, em um universo de mais de 15 milhões de quilômetros rodados. O seguro é acionado apenas em casos de acidentes mais graves, diferentes do caso de Camila.

Fernando Lemos deixou de usar as bicicletas do Itaú, as populares “laranjinhas”, para andar de patinete. Ele acredita que o veículo é mais fácil e mais prático.

Já Matheus Carvalho aponta o preço como um dos principais impeditivos para o uso do patinete. “Sai bem mais caro que o ônibus”, afirma.

Ainda assim, a maior preocupação é a segurança. “A gente sabe que tem veículos passando em ciclofaixas acima da velocidade máxima e complicando nossa vida, mas, de forma geral, o que todos precisam ter é mais segurança e cautela”, diz Carvalho.

Fernando a esquerda e Matheus à direita (Foto: Ismael Jales/ IstoÉ Dinheiro)

Procurada, a Prefeitura de São Paulo informou que entende o serviço de compartilhamento de patinetes elétricos como uma importante alternativa de micromobilidade, moderna, ágil e sustentável. Segundo a administração municipal, existem atualmente 601 Termos de Permissão de Uso (TPUs) ativos para estacionamento e estações de patinetes elétricos em vias e logradouros públicos, totalizando 6.885 veículos distribuídos pelas regiões do Butantã, Ipiranga, Lapa, Pinheiros, Santo Amaro, Sé, Vila Mariana e Vila Prudente.

Rival Jet também cresce

Em São Paulo, além da Woosh, a Jet, também de origem russa, também tem autorização para operar. A empresa atua em 21 cidades brasileiras, com uma frota de 15 mil patinetes.

A Jet planeja implementar 200 mil patinetes elétricos no Brasil até 2028 e pretende duplicar a frota até o final de 2025, com expansão para cerca de 50 localidades, priorizando municípios com população acima de 500 mil habitantes.

Patinete Jet Foto: Ismael Jales/ IstoÉ Dinheiro

Como funciona o aluguel do patinete

O processo de aluguel é totalmente digitalizado e exige o uso de um aplicativo. O usuário deve baixar o app, realizar um cadastro, inserir número de telefone, e-mail e um meio de pagamento, como cartão de crédito ou Pix.

No mapa do aplicativo, aparecem todas as patinetes disponíveis. Para iniciar a viagem, o usuário escaneia o QR Code localizado no guidão do veículo. É possível alugar até três patinetes na mesma conta.

Em São Paulo, o aluguel dos patinetes elétricos da Whoosh custa R$ 2,00 para desbloquear o veículo e R$ 0,67 por minuto de uso, segundo informações mais recentes divulgadas pela empresa e confirmadas por portais de mobilidade.

A plataforma também adota tarifas dinâmicas, que podem variar conforme o horário, a demanda e a região de operação, o que explica eventuais valores mais altos observados pelos usuários em determinados momentos.

Nota da Prefeitura de SP: 

“A Prefeitura de São Paulo entende que o serviço de compartilhamento de patinetes elétricas é uma importante alternativa de micromobilidade, moderna, ágil e sustentável. As empresas credenciadas para oferecer o serviço são a Whoosh, em operação desde dezembro de 2024, e a Easyjet, em operação desde janeiro de 2025. Ao todo, são 601 Termos de Permissão de Uso (TPUs) ativos para estacionamento e estações de patinetes elétricos em vias e logradouros públicos, totalizando 6.885 patinetes distribuídas nas regiões do Butantã, Ipiranga, Lapa, Pinheiros, Santo Amaro Sé, Vila Mariana e Vila Prudente. As patinetes têm velocidade máxima de 20 km/h e devem circular apenas em ciclovias, ciclofaixas e vias com limite de até 40 km/h, sendo proibido o uso por menores de 18 anos ou com passageiros. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) é responsável pelo monitoramento e orientação dos usuários, com base no Decreto nº 58.907/2019, na Portaria Conjunta SMT/SMSUB/SEMTRA nº 01/2025 e nas Resoluções nº 22 e nº 35 do Comitê Municipal de Uso do Viário (CMUV). Cabe às operadoras de patinetes garantir o uso correto dos equipamentos com georreferenciamento, equipes de campo, canais de denúncia e campanhas educativas. O descumprimento das regras pode gerar penalidades para as empresas. Os usuários podem ser bloqueados ou banidos pelas empresas”.