A multinacional de mobilidade urbana Whoosh havia anunciado o início da circulação dos seus patinetes elétricos em São Paulo para o mês de novembro, porém o prazo não foi cumprido e agora os planos de lançamento estão suspensos. O motivo: a empresa ainda não conseguiu as licenças para operar na cidade.

A Whoosh aguarda a validação junto à Companhia de Engenharia de Trafego (CET) e Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB). Questionada pelo site IstoÉ Dinheiro, a SPTrans informou que não há prazo para que seja avaliada e concedida ou não a licença para a empresa operar na cidade.

Em meio ao atraso no cronograma previsto pela empresa, surgiu outro desafio para a operação da Whoosh em São Paulo. Em 4 de dezembro, a Prefeitura iniciou uma consulta pública sobre uma possível mudança na regulamentação municipal que trata sobre estações de compartilhamento de bicicletas e patinetes.

O que pode mudar nas regras da cidade

A proposta prevê criar novas regras sobre onde poderiam ser instaladas estas estações. Bicicletas e patinetes ficariam proibidos nas calçadas de vias públicas em que carros e ônibus possam circular com velocidade superior a 40 km/h. Tampouco poderiam ser instalados próximos a faixas exclusivas ou a ruas em que seja proibido estacionar.

Entre as vias que estariam sujeitas a mudança está a Brigadeiro Faria Lima, onde já é comum o trânsito de bicicletas e patinetes elétricos. A velocidade máxima permitida na avenida é de 50 km/h. Além disso, ela possui faixas exclusivas e proibição de estacionar. Assim, a via não poderia mais abrigar terminais para compartilhamento de bicicletas e patinetes nas suas calçadas, mesmo que esses veículos sejam feitos para serem utilizados nas ciclovias.

A Faria Lima é, justamente, um dos pontos onde a Whoosh esperava instalar uma estação para aluguel dos seus veículos.

A empresa informa que, por ora, suspendeu seus planos para a cidade por tempo indeterminado. “A gente não pode começar a operação por conta de algo que talvez precise ser mudado”, afirmou a empresa através de sua assessoria de imprensa. “Vamos ter que segurar por conta disso.”

A Whoosh apresentou uma proposta de mudança na redação do texto da prefeitura, que busca criar uma exceção para poder instalar seus terminais em vias onde a princípio seria proibido, desde que haja ciclovias ou ciclofaixas no local. A Faria Lima, novamente, é exemplo de uma via com ciclovias onde as estações seriam então permitidas.

Como funcionam os patinetes da Whoosh

O aluguel dos patinetes, com funcionamento de 24 horas por dia, terá custo de R$ 2 para desbloqueio do equipamento, mais R$ 0,80 por minuto de uso. O pagamento é feito via cartão de crédito ou Pix. Para acessar, é necessário baixar o aplicativo da Whoosh, disponível para Android e IOs.

A empresa desembarcou primeiro em Porto Alegre, em outubro de 2023. Pouco depois, chegou a Florianópolis. No Rio de Janeiro, a empresa desembarcou em junho de 2024 e registrou mais de 50 mil viagens por 20 mil usuários em menos de um mês.

A empresa já havia anunciado em agosto o investimento de R$ 50 milhões para trazer suas atividades para São Paulo. A capital paulista recebeu assim a maior parte do total de R$ 70 milhões já investidos no país. O plano é que os equipamentos circulem nos bairros do Itaim Bibi, Pinheiros, Jardim Paulista, Moema, Consolação, Bela Vista, Vila Mariana e Campo Belo.

“Nosso objetivo é facilitar o acesso ao metrô e às estações de ônibus, contribuindo para tornar São Paulo mais conectada, acessível e dinâmica para todos os seus habitantes e visitantes”, explica em nota Francisco Forbes, CEO da marca no Brasil.

Empresas de patinetes já se deram mal no país

A Whoosh não é a primeira companhia a instalar patinetes na paisagem urbana de São Paulo. Entre as empresas que tentaram e falharam estão:

  • A estadunidense Lime, que desembarcou do país em 2020 e, seis meses após chegar, suspendeu as operações no contexto da pandemia;
  • A Grow, surgida da fusão da Yellow e da Grin em 2019, que teve falência decretada em 2023, após três anos de um processo de recuperação judicial.

As dificuldades em geral passam pelos custos com manutenção dos equipamentos, constantes de furtos e vandalismo. Além disso, há as complicações devido a acidentes de trânsito, que incluem até mortes.

A estratégia da Whoosh

Para contornar os problemas de segurança dos equipamentos, a Whoosh aposta em uma equipe de monitoramento 24 horas. “Os agentes de campo estarão ativos em toda a cidade”, afirma a empresa em nota.

Já para proteger o usuário, são feitas campanhas de educação no trânsito em parceria com prefeituras e autoridades de trânsito locais. A empresa afirma também que exige que, antes do primeiro aluguel, os usuários consultem um material educativo sobre as regras de uso do equipamento no trânsito.

Os patinetes elétricos tem ainda um limite de velocidade de 20 quilômetros por hora e um sistema que busca reduzir a velocidade automaticamente em vias congestionadas. O veículo também não está liberado para circular em todos os lugares e, caso saia das rotas permitidas, emite um aviso sonoro e trava automaticamente.