O WikiLeaks revelou neste sábado que as autoridades americanas pediram detalhes da conta do Twitter de seu fundador, Julian Assange, e de outras três pessoas ligadas ao site, demonstrando assim a existência de uma investigação secreta por espionagem por parte dos Estados Unidos.

Segundo o site, os pedidos revelam que “o Departamento de Estado pediu as mensagens privadas, os contatos, os endereços IP e os dados pessoais da conta de Julian Assange e de outras três pessoas associadas ao WikiLeaks”.

O site, que ganhou a aversão dos Estados Unidos ao divulgar milhares de correspondências da diplomacia deste país, informou que as três pessoas nunca trabalharam para o WikiLeaks.

Segundo documentos obtidos pela AFP, um tribunal do distrito de Alexandria, no estado americano da Virgínia, enviou no dia 14 de dezembro um mandado à rede social Twitter pedindo informações, que, segundo os juízes, são “pertinentes” no âmbito de “uma investigação criminal em curso”.

As informações solicitadas referem-se às contas do Twitter de “Julian Assange, Bradley Manning, Rop Gongrijp e Birgitta Jonsdottir no período de 1 de novembro até hoje”.

O Twitter, que no dia 5 de janeiro foi autorizado pelo tribunal a tornar público o mandado, informou dois dias depois, ou seja, na sexta-feira, a ordem à deputada islandesa Birgitta Jonsdottir.

O site a informou que, se em um prazo de dez dias a interessada não notificar a abertura de um processo de impugnação, precisará entregar as informações solicitadas.

“O Twitter realmente combateu (o mandado americano) em nome de seus clientes porque tais informações não deveriam ser transmitidas”, declarou Jonsdottir neste sábado à AFP.

A deputada afirmou ter entrado em contato com o ministério islandês da Justiça para que examine este caso.

“O governo americano quer ver todos os meus twitts e ainda mais, desde 1º de novembro de 2009. Será que eles têm consciência de que eu pertenço ao Parlamento islandês?”, perguntou.

Em seu comunicado, o WikiLeaks afirmou ter “motivos para acreditar que Facebook e Google, entre outros, receberam pedidos similares da justiça” americana.

O WikiLeaks ja entrou em contato com “advogados americanos”, segundo a mesma fonte, e exortou o Twitter a proteger os dados particulares de seus usuários.

De acordo com o WikiLeaks, “a existência de uma investigação secreta levada a cabo por uma grande instância jurídica americana foi confirmada desta maneira pela primeira vez”.

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