31/01/2011 - 3:15
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, e seus generais consideram a ajuda militar que recebem dos Estados Unidos uma recompensa “intocável” em troca da paz com Israel, segundo documentos do Departamento de Estado divulgados nesta quarta-feira pelo site WikiLeaks.
Em um despacho enviado em 31 de março de 2009, o embaixador americano no Cairo escreveu que a ajuda anual de 1,3 bilhão de dólares ao governo egípcio é um sucesso que se confirmou com os anos.
“O presidente Mubarak e os líderes militares veem o nosso programa de ajuda militar como uma pedra angular da nossa cooperação militar e consideram o 1,3 bilhão de dólares de FMF (financiamento militar estrangeiro) uma compensação intocável para criar e manter a paz com Israel”, teria dito o diplomata, segundo o documento, publicado no jornal britânico The Guardian.
“Os benefícios tangíveis da nossa cooperação militar são claros: o Egito continua em paz com Israel e o exército americano goza de acesso prioritário no canal de Suez e no espaço aéreo egípcio”, teria assegurado o embaixador no Cairo, segundo o documento.
Mas o despacho acrescenta que a cooperação militar poderia ser mais produtiva se os líderes do exército egípcio seguissem os conselhos dos Estados Unidos e levassem adiante mais ações para enfrentar as “ameaças emergentes” em segurança fronteiriça, antiterrorismo e manutenção da paz, por exemplo.
O documento também explica que, durante o longo mandato do ministro da Defesa, o marechal de campo Hussein Tantawi, “as predisposições tática e operacional das Forças Armadas Egípcias (EAF) se degradaram”.
O embaixador americano oferece uma visão pessimista da atitude do Cairo com relação às reformas políticas, assegurando que “a democracia egípcia e os esforços em direitos humanos estão sendo obstaculizados”.
Além disso, acrescenta que o Egito é “cético” perante a ajuda dos Estados Unidos aos grupos que pedem a democracia.
Os documentos diplomáticos confirmam uma estreita relação entre Estados Unidos e Egito, colocando Washington em apuros, em um momento em que o povo egípcio protesta maciçamente, há uma semana, contra o regime de Mubarak, que está no poder há 30 anos.
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