17/11/2021 - 17:18
O seguidor de Donald Trump e autoproclamado “xamã”, que se tornou o ícone da invasão ao Congresso dos Estados Unidos, em 6 de janeiro, com seu chapéu adornado com chifres, torso desnudo e rosto pintado, foi condenado nesta quarta-feira (17) a 41 meses de prisão.
A promotoria pedia mais de quatro anos de prisão para Jacob Chansley, de 34 anos, que já tinha se declarado culpado em setembro de invadir o Capitólio junto com centenas de simpatizantes de Trump, para impedir que os legisladores certificassem a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.
Chansley “se transformou na imagem” daquele dia de caos que abalou a democracia americana, disse o juiz Royce Lamberth ao pronunciar a sentença.
“O que você fez foi terrível”, acrescentou, sem deixar de levar em conta o “arrependimento” manifestado pelo réu.
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Em 6 de janeiro, Chansley, um adepto das teorias conspiratórias do QAnon, invadiu a sede do Senado, sentou-se na cadeira reservada para o vice-presidente Mike Pence e deixou uma nota que dizia: “É só questão de tempo, a justiça se aproxima!”
Originário de Phoenix, no Arizona, o “xamã” foi preso dias depois do incidente e permaneceu detido por dez meses. Em setembro, se declarou culpado de obstruir um ato oficial em um tribunal federal de Washington.
Em 10 de novembro, a promotoria pediu 51 meses (4 anos e 2 meses) de prisão, o que representaria a sentença mais severa ditada contra um participante do incidente de 6 de janeiro, mesmo com a retirada das acusações de violência.
– ‘Você errou feio’ –
Essa decisão, por mais severa que seja, “será suficiente para dissuadir para sempre qualquer ato delitivo deste tipo”, disse nesta quarta-feira a promotora Kimberly Paschall. “A Justiça não ficará de braços cruzados diante do ataque à transferência pacífica de poder”, acrescentou.
Para exemplificar a gravidade do caso, a promotora lembrou que Jacob Chansley havia publicado “mensagens mordazes” nas redes sociais contra “políticos corruptos e traidores no governo”, muito antes dos fatos de 6 de janeiro.
“Se o acusado tivesse sido pacífico, não estaria aqui hoje”, frisou a promotora. “Uma multidão que invade o Capitólio com o objetivo de interromper as atividades dos parlamentares não é pacífica, ela realiza uma obstrução criminosa”, explicou.
“Não sou um homem violento nem um insurgente e, seguramente, não sou um terrorista. Apenas sou um homem bom que violou a lei”, explicou o réu, assegurando que acredita “na liberdade, no Estado de Direito e na responsabilidade”.
Após ser submetido a um regime de isolamento na prisão, disse que teve tempo de se olhar no espelho e dizer para si mesmo: “Amigo, realmente você errou feio”.
Antes do julgamento, seu advogado Albert Watkins garantiu que Chansley havia repudiado o movimento QAnon e disse que estava “decepcionado” com Donald Trump.
No total, 664 pessoas foram acusadas, em diversos graus, por sua participação na invasão do Capitólio, segundo o Programa de Investigação sobre Extremismo da Universidade George Washington.
Cinco pessoas morreram durante o ataque ou pouco depois, entre elas um policial e uma manifestante, que foi atingida pelos disparos de um agente de segurança dentro do edifício.