O presidente chinês, Xi Jinping, rejeitou neste sábado o protecionismo e convidou mais países a se unirem à sua iniciativa das Novas Rotas da Seda, tentando reduzir a relutância sobre este programa colossal de infraestruturas.

Xi falou para cerca de 40 líderes estrangeiros, entre eles o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, reunidos em uma cúpula em Pequim.

A China, imersa desde 2018 em uma guerra comercial com os Estados Unidos de Donald Trump, busca se tornar líder da cooperação multilateral.

“Temos que construir uma economia global aberta e lutar contra o protecionismo”, disse Xi em torno de uma enorme mesa redonda no último dia da cúpula dedicada às Novas Rota da Seda.

Esta iniciativa, oficialmente chamada de “Cinturão (terrestre) e Rota (marítima)”, em chinês, busca construir infraestruturas de transporte e energia em países que precisam delas na Ásia, Europa, África e até mesmo além.

Lançada em 2013 por Xi Jinping, a iniciativa é financiada com investimentos ou empréstimos de várias centenas de bilhões de euros.

– Ceticismo –

Mas seus detratores consideram que o programa favorece especialmente as empresas chinesas, constituindo uma “armadilha da dívida” para as nações beneficiárias e prejudicando o meio ambiente.

Neste sentido, o Sri Lanka, incapaz de cumprir os pagamentos, teve que ceder a Pequim o controle de um porto por 99 anos.

Os Estados Unidos, a Índia, o Japão e a maioria dos países da Europa Ocidental mostraram ceticismo até agora.

No entanto, isso não diminuiu a atratividade da iniciativa chinesa, endossada por empresários durante a cúpula, que assinaram acordos no valor de 64 bilhões de dólares, anunciou Xi Jinping.

“O fórum deste ano envia uma mensagem clara: mais e mais amigos e parceiros se unirão à cooperação no âmbito das Novas Rota da Seda”, disse ele.

Respondendo a críticas sobre a dívida, Xi Jinping disse que as empresas e as leis de mercado terão agora um papel de liderança.

“Isso tornará os projetos mais duráveis e criará um ambiente justo e não discriminatório para os investidores estrangeiros”, que foram convidados a participar do projeto, disse ele.

Em um comunicado final divulgado ao final da cúpula, os líderes destacaram “a importância da sustentabilidade econômica, social, fiscal, financeira e ambiental dos projetos”.

“Devemos incentivar a participação de mais países e empresas, para ampliar o bolo de nossos interesses comuns”, disse Xi Jinping aos participantes da cúpula.

Respondendo a críticas sobre a suposta opacidade de alguns acordos assinados no marco de um projeto, o chefe de Estado chinês fez um apelo a uma “tolerância zero” com a corrupção.

“Diante do aumento da resistência e esta imagem esta dívida, a China está tentando reposicionar-se e fornecer uma mensagem tranquilizadora”, apontou Nadège Rolland, analista do National Bureau of Asian. “Mas, mais tarde, teremos que ver como isso se traduz em fatos”.

rwm-el-lth-ehl/bar/ra/erl/jvb/age/mr