A expectativa da XP é de que a meta de inflação seja ultrapassada neste e no próximo ano, ficando acima do teto estabelecido de 4,5%.

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Caso essa projeção se concretiza, será a primeira vez desde 2022 que a meta de inflação é estourada.

“O câmbio médio da América Latina depreciou uns 10% nesse ano, mas nós depreciamos entre 20% e 25%, o que faz com que a perspectiva inflacionária piore”, comenta Caio Megale, economista-chefe da XP, em entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira, 4.

“Quando você junta tudo, as projeções de IPCA começaram a subir, e com a discussão fiscal, o câmbio depreciou ainda mais. A nossa projeção é de 5,2% de IPCA para o ano que vem e 4,5% para 2026, acima do topo da banda da meta”, completa.

Para este ano, a XP projeta um IPCA de 5% – o que também deixaria a inflação acima do topo da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O especialista frisa que a preocupação com a política fiscal está longe de ser pacificada, e que a relação entre a dívida brasileira e o PIB sobe mesmo com o arcabouço fiscal – que considera expansionista do ponto de vista de despesas.

“Nós entramos em uma tendência de desancoragem de expectativas, de câmbio, de juros, de IPCA. O mercado entrou em um processo de perda de referência. Agora ninguém tem coragem de dizer onde vai parar o dólar, o mercado entrou em um processo de profecia autorrealizável”, comenta Megale.

Com inflação desancorada, ano que vem será de ‘freio de arrumação’

Olhando para o macro, a casa espera que 2025 seja um ano de “freio de arrumação”, com pressão contínua sobre o câmbio e dificuldades persistentes para atrair um fluxo de investimentos estrangeiro.

“Sobre a política monetária, esperamos que o Banco Central continue a aumentar a taxa Selic, de 11,25% atualmente para 14,25% até o segundo trimestre. Além disso, o governo anunciou um plano para ajustar os gastos fiscais, que são a principal fonte de preocupação para os investidores. Em relação ao crescimento do PIB, nosso time espera ventos mais fracos e desaceleração de 3,5% em 2024 para 2% em 2025″, projeta a XP, no relatório ‘Onde Investir em 2025’.

XP espera duas altas intensas na Selic

Em relatório anterior, sobre o cenário macro, especialistas da XP revisaram as projeções para duas altas de 1 ponto percentual (p.p.) nas duas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), de dezembro e janeiro.

Logo em seguida, nas duas reuniões subsequentes, a expectativa é de duas altas de 0,50 p.p. – o que levaria a taxa Selic para 14,25% no pico do ciclo de ajuste monetário.

A tese é de que “os fundamentos sugerem inflação mais elevada adiante” e, com isso, se faz necessário “um ajuste monetário mais contundente”.

Segundo a XP, a tarefa do Banco Central “está se tornando mais desafiadora”, já que a inflação corrente e as expectativas seguem subindo.