Guerra de preços, disputa acirrada no homebroker e as mais variadas promoções para conquistar o investidor. Esses são alguns sinais que mostram que o mercado ficou pequeno demais para sustentar todas as corretoras em atividade. Nesse cenário, será que há investidores interessados em comprar ações de uma delas? Guilherme Benchimol, sócio da gaúcha XP Investimentos, acredita que sim. “Em seis meses, no máximo, estaremos com tudo preparado para abrir capital, e aí é só esperar uma oportunidade”, diz Benchimol. “De 2012 não passa.”

Fundada em 2001, em Porto Alegre, a XP Investimentos não se concentra apenas na corretagem, mas investe também em seguros e em educação financeira. Com o lançamento de ações, a ideia de Benchimol e de seus sócios é captar recursos  não apenas para reforçar essas áreas, mas também para ir às compras. “Queremos ganhar fôlego para sermos compradores no processo de consolidação do mercado”, diz ele. “Vamos buscar desde tecnologia e know-how, até empresas que tenham boas carteiras de clientes.”

 

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“Queremos ganhar fôlego para sermos compradores” Guilherme Benchimol, sócio da XP Investimentos

 

Crescer é essencial para a sobrevivência. “Só vão sobrar as corretoras ligadas a grandes bancos e as que possuírem uma boa capilaridade, caso da XP e da Um Investimentos”, diz Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM. Independente, a XP ganhou musculatura por meio de uma ampla rede de representantes. Cerca de 2.000 agentes autônomos estão espalhados por 100 cidades. Eles atendem 70.000 clientes que possuem R$ 1 bilhão em ações custodiadas. 

 

Segundo Gomes, os alvos mais lógicos para a XP serão as concorrentes pequenas que cortaram tarifas para ganhar mercado. “Com dinheiro em caixa, eles saem na frente na hora de fazer propostas”, diz Ricardo Almeida, professor do Insper. O pioneirismo em abrir capital deve compensar, mas provavelmente produzirá um efeito colateral para a empresa: sem concorrentes na bolsa, os analistas não terão como fazer comparações. “O investidor terá de tomar sua decisão baseado apenas no histórico da corretora”, diz Almeida. “Vai ser difícil estabelecer um preço para áreas como educação financeira, que representa boa parte das atividades da XP.”