A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que o que causou a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) foi que o banco não conseguiu atender pedidos de saque dos depositantes. Ela acrescentou que ainda será necessário investigar o que desencadeou esse processo.

“Houve uma massa de saques que gerou problemas de liquidez e o banco teve que ser fechado por isso”, resumiu ela.

Yellen deu depoimento ao Comitê de Finanças do Senado nesta quinta-feira, 16. A pauta foi a proposta de orçamento apresentada pela administração Joe Biden na semana passada.

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Crédito

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos disse que uma preocupação do governo Joe Biden é a possibilidade de o crédito ficar mais caro e menos acessível, caso bancos sob estresse após crise no Signature Bank e SVB se tornarem mais relutantes a conceder empréstimos.

“Houve uma massa de saques que gerou problemas de liquidez e o banco teve que ser fechado por isso”, resumiu a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.

“Isso poderia virar uma fonte de risco econômico negativo”, afirmou ela.

A secretária disse que há estatísticas para identificar se bancos estão apertando as condições de crédito, a exemplo do Senior Credit Officer Opinion Survey, ao ser perguntada sobre quais indicadores o Tesouro está monitorando para saber se suas medidas de intervenção aos Signature Bank e SVB serão bem sucedidas.

Revisão de exigência de liquidez

Janet Yellen afirmou também que será necessário pensar sobre requerimentos de liquidez para bancos com forte dependência de depósitos não segurados, após os casos de quebra e de intervenção nos EUA.

Ela disse que bancos que têm mais depósitos segurados e clientes do varejo tendem a não sofrer com corridas como as que as duas instituições bancárias em crise registraram.

“O SVB era um banco que tinha uma proporção muito alta de depósitos não segurados, que o tornava vulnerável a corridas – e sofreu uma corrida devastadora”, afirmou Janet Yellen a um parlamentar durante sabatina no Comitê de Finanças do Senado norte-americano.

Contenção do contágio do colapso do SVB

Após o colapso do SVB provocar a intervenção do Fed no banco norte-americano e gerar grandes instabilidades no setor bancário por todo o mundo, as perspectivas agora são de um contágio reduzido no Brasil e uma maior confiança na solidez do sistema financeiro norte-americano pela forma como interviu e buscou conter a situação.

Para economistas brasileiros, os bancos nacionais não devem sofrer contágio relevante das instabilidades provocadas pelo SVB nos EUA e no mundo. “Não consigo enxergar qualquer tipo de impacto mais relevante no Brasil”, afirmou Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, referindo-se principalmente ao episódio do SVB, fechado na semana passada. “Não é o mesmo tipo de risco que vimos em 2008.”

Após a intervenção do Fed no banco norte-americano, o próximo passo é que os bancos interessados na compra do Silicon Valley Bank e do Signature Bank (que também quebrou recentemente) apresentarem propostas até 17 de março, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.