Presidente ucraniano afirma que decisões tomadas sem a Ucrânia são contrárias à paz e “natimortas” e avisa, mais uma vez, que seu país não vai ceder território em um possível acordo com a Rússia.O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, reagiu neste sábado (09/08) à notícia de que os líderes dos Estados Unidos e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, se reunirão na próxima sexta-feira no Alasca para discutir um cessa-fogo na Ucrânia, afirmando que as decisões tomadas sem a Ucrânia são contrárias à paz e “natimortas”.

“Estas são decisões que não podem funcionar. E todos nós precisamos de uma paz real e genuína. Uma paz que as pessoas respeitem”, disse ele em uma mensagem em inglês publicada no X. Zelenski, que havia exigido sua presença em uma cúpula de líderes sobre o fim da guerra, bem como a participação europeia.

O presidente ucraniano aludiu indiretamente a informações vazadas sobre a suposta proposta de Trump a Putin, que, segundo alguns veículos de comunicação, envolveria o congelamento do conflito em troca da suspensão das sanções contra Moscou.

“Não vamos recompensar a Rússia pelo que ela perpetrou”, enfatizou, observando que todos os parceiros internacionais devem entender “o que é uma paz digna”.

Zelenski enfatizou, por um lado, que deve ser a Rússia a pôr fim à guerra, já que foi Moscou quem a iniciou e a está prolongando.

“Ucranianos não cederão território”

Ele também rejeitou, mais uma vez, a possibilidade de um acordo com a Rússia implicar a cessão, pelo menos formalmente, dos territórios ucranianos ocupados da Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson.

Em Washington, Trump falou em “troca” de território em um acordo “muito complicado” e não forneceu mais detalhes.

“A resposta à questão territorial ucraniana já está contida na Constituição ucraniana. Ninguém se desviará dela e ninguém poderá fazê-lo. Os ucranianos não cederão seu território ao ocupante”, enfatizou.

O presidente ucraniano concluiu enfatizando sua disposição de trabalhar com Trump e seus demais parceiros em prol de uma paz “real e, acima de tudo, duradoura” que não corra o risco de “entrar em colapso devido à vontade de Moscou”.

Tanto o Kremlin quanto a Casa Branca confirmaram que o primeiro encontro entre Putin e um presidente americano desde o início da guerra na Ucrânia acontecerá na próxima sexta-feira, no Alasca.

A reunião foi acertada após a visita a Moscou do enviado dos EUA, Steve Witkoff, na última quinta-feira, um dia antes do término do ultimato de Trump para que a Rússia tomasse medidas para encerrar a guerra, sob pena de novas sanções.

Segundo o jornal americano The Wall Street Journal, Trump e Putin devem discutir uma proposta russa em que o leste da Ucrânia ficaria com a Rússia em troca do fim do conflito.

Autoridades europeias e ucranianas ouvidas pela publicação dizem que a oferta foi feita quando Witkoff, se reuniu com o governo russo.

Líderes europeus mostraram preocupação com a proposta, que pede que a Ucrânia entregue a região chamada Donbass.

md (EFE, ots)