30/05/2022 - 15:53
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pediu nesta segunda-feira (30) aos líderes da União Europeia (UE) que mantenham a unidade do bloco diante da Rússia, cessem as disputas internas e aprovem o sexto pacote de sanções do bloco, incluindo um embargo ao petróleo russo.
“É preciso acabar com todas as brigas na Europa, disputas internas que só encorajam a Rússia a colocar cada vez mais pressão sobre vocês”, disse Zelensky por videoconferência em uma cúpula da UE em Bruxelas.
“É o momento de não estarem divididos, não sejam fragmentos e sim um todo unido”, disse ele.
A participação de Zelensky durou pouco mais de 10 minutos e, ao contrário do discurso da última cúpula, quando se referiu pessoalmente a cada líder europeu, desta vez dirigiu-se aos líderes do bloco em geral.
Zelensky agradeceu “a todos que estão promovendo o sexto pacote de sanções e tentando torná-lo realidade. Infelizmente, porém, por algum motivo, ainda chegamos a esse ponto.”
“É evidente que deve haver progresso nas sanções pela agressão. E para nós é muito necessário”, acrescentou.
O sexto pacote de sanções proposto pela Comissão Europeia contra a Rússia inclui, entre outras medidas, o controverso embargo às importações europeias de petróleo russo, ideia que desmoronou com a oposição intransigente da Hungria, que teme por sua segurança energética.
A ideia lançada para quebrar o impasse é proceder a um embargo em duas fases, a primeira das quais incidiria sobre o petróleo russo que chega à UE por via marítima. Segundo uma fonte europeia, tal movimento afetaria dois terços das importações de petróleo russas para o bloco.
De acordo com esse plano, seria adotada uma segunda fase voltada para o petróleo que chega por gasoduto, embora os detalhes sobre os prazos seriam negociados “mais tarde”, segundo um diplomata europeu.
Esse acordo político para implementar o plano em duas etapas seria alcançado “provavelmente nesta semana”, acrescentou.
– Abordagem “realista” –
Chegando à reunião em Bruxelas, no entanto, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban disse que “não há compromissos no momento e, portanto, não há acordo”. Na opinião de Orban, a ideia de um embargo adotado em duas fases “não é ruim”.
A Hungria, um país sem litoral, importa 65% do petróleo que consome da Rússia através do oleoduto Druzhba e, junto com a Eslováquia e a República Tcheca, solicitaram uma exceção à proibição de importação.
Esse oleoduto atravessa a Ucrânia e Orban teme que o governo Zelensky corte esse fornecimento em retaliação à posição da Hungria sobre o embargo. Por isso, disse Orban, a Hungria quer obter “garantias de que em caso de acidente com o oleoduto que passa pela Ucrânia (…) temos o direito de obter petróleo da Rússia por outras fontes”.
Enquanto isso, o primeiro-ministro estoniano Kaja Kallas foi franco sobre as chances de que os líderes nesta cúpula anunciem uma posição definitiva sobre a proposta russa de embargo de petróleo.
“Não acho que chegaremos a um acordo hoje”, disse Kallas, observando que seria “mais realista” esperar por tal entendimento na próxima cúpula europeia, marcada para o final de junho.
Um rascunho da declaração da cúpula, visto pela AFP, menciona apenas que os líderes da UE estão pedindo a adoção “sem demora” do sexto pacote de sanções, incluindo o embargo “com isenção temporária para petróleo entregue por gasoduto”, em entrar em detalhes.
Além do controverso embargo de petróleo, o sexto plano de medidas da UE contra a Rússia também inclui a retirada de mais bancos desse país da rede interbancária Swift e a inclusão de novos nomes na lista de autoridades russas sancionadas.