O governador Romeu Zema (Novo) confirmou que vai à manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista na tarde de domingo, 25. Ele tomou a decisão e avisou os organizadores na manhã deste sábado, 24. Como mostrou a reportagem, a estratégia era aguardar a véspera do ato para evitar pressões que o fizessem mudar de ideia.

Com isso, são pelo menos quatro os governadores que participarão da manifestação de apoio ao ex-presidente, que está acuado pela investigação da Polícia Federal que apura a tentativa de golpe de Estado no Brasil. Os bolsonaristas Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Jorginho Mello (PL-SC) também comparecerão.

A presença de Zema foi confirmada por aliados do governador. O grupo mais próximo de secretários e conselheiros era contrário à ida do mineiro à Paulista, mas havia integrantes do Novo que defendiam o apoio a Bolsonaro. “Sendo um movimento de direita em prol do Brasil, onde os governadores de direita vão estar, acho que ele deva ir. Mas é uma decisão pessoal dele”, disse um dirigente partidário ao Estadão no fim da noite de sexta-feira, 23.

O chefe do Executivo mineiro adiou ao máximo a decisão para diminuir a pressão sobre ele. No início do ano, ele confirmou presença na cerimônia “Democracia Inabalada” que marcou um ano dos atos golpistas do 8 de Janeiro, mas cancelou quando já estava em Brasília após ser pressionado por lideranças do Novo.

Zema alterna momentos de proximidade e distanciamento com Bolsonaro. Após apoiar a candidatura à reeleição do ex-chefe do Executivo federal, o governador concedeu título de cidadão honorário ao ex-presidente e elogiou seu governo em agosto de 2023. Um mês depois, afirmou que apoiou Bolsonaro para derrotar o PT e não por concordar com as ideias dele, citando como diferenças a postura na pandemia e de não misturar família e política.

A manifestação na Paulista foi convocada pelo próprio Bolsonaro, para, segundo ele, defender o Estado Democrático de Direito e a liberdade. Porém, a convocação foi feita após ele ter sido alvo de operação da Polícia Federal que investiga suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil antes e após a eleição de 2022. O ex-presidente teve o passaporte confiscado e quatro ex-assessores dele foram presos preventivamente.

Bolsonaro prestou depoimento sobre o caso na quinta-feira, 22, mas ficou em silêncio. A defesa alega que não teve acesso às íntegras do processo e da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que embasou parte significativa da operação.