Para o CEO da Zenvia, Cassio Bobsin, companhia brasileira de tecnologia listada na Nasdaq, a Inteligência Artificial (IA) deve mudar drasticamente o ambiente competitivo das companhias – e não somente no seu ramo.

A tese é de que novas empresas ‘AI first’ vão nascer nos próximos anos e, com todos os seus fluxos desenhados do zero visando agregar IA nos processos, serão exponencialmente mais eficientes e competitivas do que as empresas atuais, que nasceram antes da popularização e da ampla adesão da tecnologia.

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“A maior ameaça para as empresas de hoje é como, quando, qual vai ser a empresa que vai surgir ‘AI first’ e que vai ser muito melhor do que a sua empresa – porque ela vai nascer já resolvendo a maior parte dos seus problemas sabendo o que IA é melhor para esses problemas, e ela vai ser então muito mais eficiente e talvez seja melhor e mais barata para o cliente”, explica.

A visão de Cassio Bobsin é de que Inteligência Artificial ‘não é só uma tecnologia’, e fará as corporações mudarem o jeito como se estruturam e alterar organizações e processos de resolução de problema.

A fala vai em linha com o que especialistas de IA tem comentado, citando que é algo que não deve ser compreendido apenas como mais um item no universo de um ferramental, mas como algo mais relevante e que deve estar 100% integrado nos processos das empresas.

A Zenvia, que é focada na prestação de serviços para comunicação entre empresas e clientes, destaca que tem redesenhado alguns de seus produtos usando IA em um passado recente.

“Nos últimos anos a adoção de tecnologia para automação de atendimento ou vendas foi a partir de um modelo replicado de call center, de script. Você digita um código de 1, 2 ou 3, tem regras bem estruturadas. As pessoas não gostam disso. As pessoas querem falar com alguém que parece ter uma linguagem humana. Hoje a tecnologia de IA generativa já permite fazer agentes que têm uma linguagem muito compreensível, fácil, adaptada e com muita capacidade cognitiva.”

Desafio para techs brasileiras é o custo do dinheiro

A companhia foi fundada em em meados de 2003 em Porto Alegre (RS) e atualmente figura no seleto panteão de companhias de tecnologia brasileira que prosperaram e conseguiram aumentar sua capilaridade para outros países.

Cassio Bobsin relata que um dos principais fatores que faz com que tenhamos poucas gigantes brasileiras de tecnologia é o ambiente macroeconômico – com custo de capital elevado, os brasileiros podem errar muito menos do que os gringos e têm de ter mais parcimônia ao adotar alguma estratégia de queima de caixa.

“O maior desafio para as techs brasileiras é o custo do dinheiro. É muito caro captar aqui no Brasil. O retorno esperado para investidores é muito alto. Se você vai tentar usar dívida, é muito difícil conseguir uma estrutura de garantias. Então, não tem espaço para errar”, avalia.

O cenário fez com que a companhia tivesse de manter uma estrutura mais enxuta e sustentável desde o dia 1, priorizando sempre geração de caixa e com uma estrutura financeiramente sustentável.

O que faz a Zenvia

A Zenvia é líder de mercado na América Latina e tem sua operação principal seja no Brasil. O core business da empresa é fornecer uma plataforma de experiência do cliente (CX) e relacionamento, operando com Software as a Service (SaaS), com soluções ponta-a-ponta para que empresas gerenciem a jornada do cliente (marketing, vendas, atendimento) através da plataforma “Zenvia Customer Cloud”, e Communication Platform as a Service (CPaaS), Fornecendo APIs (interfaces de programação) que permitem às empresas integrar canais de comunicação (como SMS, WhatsApp e Voz) em seus próprios sistemas.

A empresa é listada na Nasdaq desde 2021. Seu valor de mercado fica na casa dos US$ 73 milhões. No seu resultado mais recente, referente ao segundo trimestre de 2025, a receita total consolidada foi de R$ 285,7 milhões.