A Reserva Paulista assumiu no início de dezembro a concessão de três espaços que integram o Parque Estadual Fontes do Ipiranga – Zoológico de São Paulo, Jardim Botânico e Zoo Safári – e já vem realizando algumas melhorias nas atrações. O Zoológico, por exemplo, agora tem venda de ingressos online, bebedouros e bancos novos. Além de modernização na infraestrutura, a ideia é tornar os locais mais sustentáveis.

O projeto final das reformas sairá do papel em março, mas os parques não poderão ser fechados para as obras, ou seja, será necessário bloquear pequenas áreas para a realização dos serviços. “Queremos ter conforto, boas práticas ambientais e prezar pelo bem-estar dos animais”, diz Rogério Dezembro, sócio-gestor da Reserva Paulista. “Pretendemos abolir o plástico em até 36 meses e fazer com que o consumo de energia seja 100% vindo de fontes renováveis. Os parques têm a missão de serem pioneiros.”

Também está nos planos dar mais visibilidade a programas científicos e pesquisas que já vêm sendo realizadas no Zoológico para preservação de espécies, além de intercâmbio com zoológicos de outros países. “Temos enorme respeito por esse legado”, diz Dezembro. “O programa de acolhimento e preservação de araras apreendidas com o tráfico para posterior devolução ao hábitat original é algo que só de ver você já fica apaixonado.”

Em 30 anos de atividades, o projeto vem permitindo a reprodução de araras-azuis-de-lear. Em breve, seis aves serão soltas na natureza, no interior da Bahia – cinco nascidas no Zoo SP e uma vinda do Loro Parque, em Tenerife, nas Ilhas Canárias espanholas.

Algumas já estão em processo de adaptação em Boqueirão da Onça, na Bahia, perto do hábitat original. “Existem apenas 1.700 araras como essas na natureza. Por isso, o trabalho é muito importante”, explica a bióloga Fernanda Guida, uma das responsáveis pelo projeto.

ESTRUTURA

No total, a Reserva Paulista vai investir R$ 421 milhões na concessão – R$ 121 milhões foram pagos na outorga, 200 milhões serão gastos em cinco anos e 100 milhões serão usados no longo prazo. A missão de lidar com fauna e flora vem sendo desafiadora para Rogério Dezembro, que antes havia trabalhado em projetos como o novo Allianz Park (estádio do Palmeiras), o Teatro Santander e o Shopping JK Iguatemi. “O segredo foi assumir que não sabemos nada e estudar o mercado”, afirma.

Dois zoológicos que vêm servindo de referência são o de San Diego, nos EUA, considerado um exemplo global de sucesso, e o de Berlim. As equipes residentes do Zoo de SP também participaram do processo, segundo o executivo. “Falamos sobre os projetos que eles gostariam de ver colocados em prática, mas que ainda não haviam conseguido fazer por falta de orçamento. E aí fomos montando esse mosaico”, diz Dezembro.

O Estadão visitou o zoológico após a chegada dos novos gestores e verificou modificações como a venda online de ingressos, novos bebedouros e bancos. Mas ainda está prevista a criação de áreas de descanso, com sombra e abrigo para proteger do sol e da chuva.

Como o terreno do zoológico tem aclives, a ideia é contar com carrinhos elétricos, mediante pagamento. “Estamos revendo a lógica de visitação”, explica Dezembro. “As condições do estacionamento ainda estão ruins e os serviços de alimentação e bebidas são precários.” Não havia sequer oferta de itens comuns, como pipoca, que agora é campeã de vendas.

Existe a intenção de retomar a visitação noturna. E o grupo pretende abraçar um projeto de educação ambiental durante os dias da semana para a rede pública e particular de ensino. “Existe mercado para isso. O zoológico já teve quase 2 milhões de visitantes por ano. Queremos em cinco anos voltar a essa marca e, após dez anos, chegar a 3 milhões de visitantes.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.