10/06/2020 - 22:29
O aplicativo Zoom informou nesta quarta-feira (10) que bloqueou temporariamente uma conta americana de ativistas que lembraram do aniversário da repressão do governo chinês na Praça da Paz Celestial, ato que abre suspeitas sobre a liberdade de expressão no serviço de videoconferência amplamente utilizado durante a pandemia.
Ativistas do grupo Humanitarian China, com sede nos Estados Unidos, utilizaram o Zoom para conectar mais de 250 pessoas para recordar o massacre de Pequim no levante pró-democracia de 4 de junho de 1989.
O bloqueio foi relatado pela primeira vez pelo site de notícias do Axios.
Zhou Fengsuo, cofundador do grupo e número um na lista de mais procurados de Pequim após a repressão da Praça da Paz Celestial, disse à AFP que a conta no aplicativo foi reativada nesta quarta-feira.
O Zoom reconheceu o bloqueio e a reativação da conta.
“Como qualquer empresa global, devemos cumprir as leis aplicáveis nas jurisdições em que operamos”, disse um porta-voz da empresa.
Ao realizar uma reunião de vários países, “os participantes dentro desses países devem cumprir suas respectivas leis locais”.
“Nosso objetivo é limitar as ações que tomamos às necessárias para cumprir a lei local e revisar e melhorar continuamente nosso processo nessas questões”, acrescentou.
O Humanitarian China disse que reuniu inúmeros participantes do interior da China e que sua conta paga do Zoom foi bloqueada sem explicação uma semana depois.
Os ativistas mostraram sua indignação, acusando a empresa de estar sob pressão direta dos líderes comunistas da China.
“Nesse caso, o Zoom é cúmplice em apagar as memórias do massacre da Praça da Paz Celestial em colaboração com um governo autoritário”, indica um comunicado da Humanitarian China.