O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, já tinha avisado a alunos de Georgetown que a rede social chinesa TikTok não tinha o mesmo compromisso que a sua empresa com a liberdade de expressão. Destacou ainda que o seu concorrente representava um risco para os valores e a supremacia tecnológica dos Estados Unidos. Aviso? Na verdade era o primeiro sinal da preocupação de Zuckerberg.

Segundo o The Wall Street Journal, em outubro de 2019 o principal executivo do Facebook já corria atrás do prejuízo com a pauta em várias reuniões de bastidores com autoridades e legisladores.

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Chegou até a destacar, em jantar com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, que o crescimento das companhias chinesas de internet ameaçava a economia norte-americana. E que o foco do governo deveria ser esse e não o controle sobre o Facebook.

As reuniões do CEO do Facebook no ano passado foram tantas que dois senadores (Tom Cotton e Chuck Schumer) solicitaram a autoridades de inteligência a abertura de inquérito sobre o TikTok.

O estímulo deu certo, pelo visto. Trump determinou revisão da segurança nacional da empresa, assinou ordem executiva exigindo que a ByteDance, dona do TikTok, pare com a operação da rede social nos Estados Unidos. Hoje, a companhia chinesa entrou com ação na Justiça contra a ordem de Trump.

De acordo com o The Wall Street Journal, atualmente, um porta-voz do Facebook garantiu que Zuckerberg não lembra de ter citado o TikTok durante o jantar com Trump. Mas destacou que a visão da empresa é clara em relação aos chineses, que é o dever de competir.

Neste mês, em reunião com funcionários, Zuckerberg teria mudado sua visão e destacado que a ordem executiva de Trump contra o TikTok é indesejável, citando dano global maior do que qualquer ganho no curto prazo. E hoje, segundo analistas, não é mais possível desconsiderar o TikTok no mercado, já que a rede social se tornou um dos principais atores no setor em mercados ocidentais.