A derrocada nas ações do Facebook, que tem despertado a desconfiança dos investidores e da mídia em relação ao futuro da maior rede social do mundo, levou Mark Zuckerberg a fazer uma reunião no início do mês com parte de seus funcionários. O encontro foi na sede da companhia, em Palo Alto, na Califórnia. Na ocasião, conforme relato do The Wall Street Journal do dia 17 de agosto, o fundador e CEO da empresa reconheceu que tem sido difícil ler diariamente na imprensa notícias sobre o mau desempenho das ações do Facebook, que abriu seu capital no dia 17 de maio. “É doloroso acompanhar a queda no valor das ações”, disse Zuckerberg. Ainda conforme a reportagem, ele tentou tranquilizar a equipe. 

 

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Disse esperar que os investidores tenham calma, pois os investimentos feitos terão grande impacto no prazo de 12 meses. É difícil saber qual o efeito da conversa na percepção que os empregados têm diante dos desafios impostos à empresa, mas seguramente é uma atitude sensata por parte de Zuckerberg. Tão ou mais importante que dialogar com seu time, no entanto, é abrir um canal direto com o mercado. E a razão para isso está muito clara: com a queda livre das ações, que hoje valem a metade da cotação inicial – começou com US$ 38 e agora está na casa dos US$ 19 –, a condição de Zuckerberg como CEO começa a ser questionada. 

 

Segundo a mídia internacional, ganha força em Wall Street a ideia de que Zuckerberg pode ter sido um visionário ao criar e desenvolver uma rede social que está prestes a alcançar um bilhão de usuários, mas não necessariamente é a pessoa certa para conduzi-la nesse novo momento. Afinal, uma coisa é liderar uma start-up menor, mais ágil e que não deve muitas satisfações sobre seu desempenho a não ser para o próprio fundador e mais alguns sócios. Outra coisa é comandar um transatlântico, com faturamento de alguns bilhões de dólares e que deve passar pelo escrutínio implacável das autoridades financeiras e de investidores pesos-pesados de Wall Street. 

 

O Los Angeles Times publicou uma reportagem na semana passada que dá uma ideia de como a chapa de Zuckerberg esquentou. O jornal informou que os investidores estão insatisfeitos com o modo como ele conduz os negócios. Os analistas creditariam somente a ele a responsabilidade sobre os tropeços na bolsa. Isso porque, como Zuckerberg centralizaria todas as decisões, todos os passos foram aprovados por ele. Logo, ele é o culpado. Diante desse cenário, o melhor que Zuckerberg pode fazer é pedir para sair. Não da companhia, mas sim das atribuições operacionais. 

 

Para ele, para o Facebook, funcionários e investidores, será melhor que assuma alguma função na área criativa e de inovação. Assim, ficaria livre para fazer o que demonstrou ter muita competência: criar. Poderia pensar o Facebook nos próximos dez ou 20 anos, algo difícil de conciliar com a crueza do dia a dia dos negócios, algo que ficaria melhor nas mãos de um executivo experiente recrutado no mercado – mas, claro, afeito às peculiaridades do mercado digital. Ou, se preferir, Zuckerberg pode simplesmente se aposentar, aos 28 anos, e curtir férias permanentes em algum paraíso terrestre. Dinheiro para isso não lhe falta.