29/10/2019 - 16:27
A Comissão Especial que analisa a reforma da Previdência dos militares rejeitou no período da tarde desta terça-feira, 29, um destaque apresentado pelo PSOL que estendia o aumento de gratificação a todos os militares e acabava com a diferenciação por cursos e qualificações. Esse foi o ponto que gerou maior polêmica já que o texto base, aprovado na semana passada, prevê reajuste de até 73% do adicional de habilitação para militares de altas patentes, como generais, e de 12% para militares de patente mais baixa.
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) disse que apresentará um requerimento para que o projeto seja votado no plenário da Câmara dos Deputados. A votação na comissão é terminativa, ou seja, o projeto seguirá direto para o Senado a não ser que seja apresentado um requerimento com 51 assinaturas pedindo a análise em plenário.
A rejeição causou comoção entre representantes de associações de praças que acompanharam a votação. A sessão chegou a ser suspensa em meio a muita gritaria. Militares da reserva e mulheres de militares que estavam mais exaltados foram retirados do plenário por seguranças.
Uma das mais revoltadas era a presidente da Associação Bancada Militar de Minas Gerais, Kelma Costa, que foi candidata a deputada federal por Minas Gerais em 2018 pelo PSL. “Eu fiz campanha por você, presidente Jair Bolsonaro, você me conhece, estou decepcionada com o senhor. Estou revoltada com esse projeto que só beneficia generais”, afirmou.
A discussão do projeto também gerou discussão entre parlamentares do dividido PSL, contrapondo, mais uma vez, o líder do governo Major Vitor Hugo (GO) e o ex-líder do PSL Delegado Waldir (GO). “Quem será a hiena da Marinha, Exército e Aeronáutica? Vamos aguardar e veremos”, disse Waldir, em referência ao vídeo publicado na conta do Twitter de Jair Bolsonaro na segunda-feira, 28, já apagado, em que hienas representando o PSL, o STF e outros cercavam um leão que representava o presidente.
Vitor Hugo disse que houve preocupação do governo em não só fazer um reajuste, mas de reestruturar as carreiras. “Não é verdade que entraremos em quartéis com algum tipo de receio. Tenho mensagens de praças ansiosos por essa aprovação e parabenizando o governo”, afirmou.
Com rejeição do destaque do PSOL, ficou prejudicado um segundo destaque apresentado pelo DEM com o mesmo teor. O Solidariedade retirou um destaque semelhante que havia sido apresentado pelo partido.
O relator do projeto da Previdência dos militares, deputado Vinícius Carvalho (Republicanos-RJ), disse que a proposta de estender um aumento de gratificação a todos os militares custaria R$ 130 bilhões em dez anos aos cofres públicos. O governo pretende economizar R$ 10,4 bilhões em uma década com a reforma e a reestruturação das carreiras previstas no projeto.