20/10/2020 - 14:02
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endureceu, nesta terça-feira (20), sua ofensiva contra a integridade de seu rival democrata, Joe Biden, a dois dias do decisivo debate final entre ambos, transmitido pela televisão, antes da eleição de 3 de novembro.
Aparecendo atrás nas pesquisas e temendo ser um presidente de apenas um mandato, o republicano recorre a um tom mais agressivo do que nunca.
Seu ângulo de ataque? Os negócios do filho de Biden, Hunter Biden, na Ucrânia e na China, quando seu pai era vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).
“Este é um caso de corrupção importante”, disse Trump à rede Fox News esta manhã, defendendo que o procurador-geral dos EUA, Bill Barr, inicie rapidamente uma investigação.
“Tem que saber isso antes da eleição”, afirmou o presidente, que insiste, há várias semanas, e sem provas para sustentar a acusação, que a família Biden é uma “empresa criminosa”.
Nesse contexto, o último debate entre os dois candidatos, que acontece nesta quinta em Nashville, Tennessee, promete ser ainda mais tenso. O primeiro foi particularmente caótico, cheio de interrupções e golpes baixos.
“Não há nada justo neste debate”, disse Trump, reiterando suas virulentas críticas à moderadora, a jornalista da NBC Kristen Welker, assim como à Comissão de Debates Presidenciais, a entidade independente responsável por sua organização.
Para evitar a cacofonia do primeiro duelo televisionado, a Comissão decidiu silenciar os microfones dos dois candidatos, quando não estiverem com a palavra.
“É desejo da comissão que os candidatos sejam respeitosos com seus respectivos tempos de intervenção, o que fará o debate público avançar, em benefício dos espectadores”, afirmou.
Trump disse que participará, mas insistiu em que “é injusto”.
“Tem gente que diz que é preciso deixá-lo falar porque sempre termina perdendo o fio condutor”, respondeu Trump, em alusão a Biden, após passar meses tentando mostrar seu oponente como um idoso senil, que não sabe o que está acontecendo.
– “Estou lutando” –
Assim como fez em 2016, Trump se apresenta mais uma vez como um candidato que não pertence à classe política e que luta pelos americanos, longe das intrigas de Washington.
“Estou lutando contra o Partido Democrata, contra os veículos de Notícias Falsas (…) e agora contra os gigantes da tecnologia”, afirmou.
O Departamento americano de Justiça acionou o Google, nesta terça, por infração da lei de concorrência, acusando o grupo de manter um “monopólio ilegal” nas buscas e na publicidade on-line.
Esta é a ação legal mais importante em mais de 20 anos levada adiante pelo governo federal americano contra um dos gigantes do setor de “Big Tech” do país – Google, Amazon, Facebook e Apple.
Trump aparece 8,6 pontos percentuais atrás de Biden na média das pesquisas nacionais do site RealClearPolitics. E, nos estados-chave para ganhar a eleição, a vantagem de Biden é de 3,9 pontos.
Ao ser questionado sobre o acúmulo de pesquisas desfavoráveis, Trump se mostrou confiante, destacando sua capacidade de mobilizar grandes multidões em suas viagens pelo país.
“Acho que estamos em uma posição muito boa”, afirmou, horas antes de voar para o crucial estado da Pensilvânia, onde deve continuar sua maratona de comícios.
“Nunca tínhamos visto atos de campanha com tanto amor e tanta gente”, completou o presidente, que logo voltará à Flórida, outro estado fundamental em que Trump e Biden correm cabeça a cabeça desde o início da votação antecipada na segunda-feira.