22/08/2024 - 10:13
O dólar subia mais de 1% nesta quinta-feira, em linha com a força da divisa norte-americana no exterior, à medida que investidores analisavam dados de emprego dos Estados Unidos que reforçaram a tese de um esfriamento do mercado de trabalho e consolidavam as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve.
Às 12h30, o dólar à vista subia 1,57%, a R$ 5,571 na venda. Já o Ibovespa recuava 0,57%. Veja cotações.
Na quarta-feira, o dólar à vista fechou em leve baixa de 0,07%, cotado a R$ 5,4823.
Nesta manhã, investidores analisavam dados de emprego nos EUA para avaliar o estado do mercado de trabalho na maior economia do mundo, a fim de precificar o tamanho de um possível corte de juros pelo Fed em setembro.
O Departamento de Trabalho dos EUA informou que o número de pedidos iniciais de auxílio desemprego subiu para 232.000 na semana encerrada em 17 de agosto, ante 228.000 pedidos revisados para cima na semana anterior. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma ligeira alta para 230.000.
O resultado reforça o argumento sobre um esfriamento do mercado de trabalho norte-americano, após números na véspera mostrarem que os EUA criaram 818 mil empregos a menos no ano até março do que o divulgado anteriormente.
“O relatório de pedidos de auxílio-desemprego, em geral, tende a ditar muito sobre quais vão ser as expectativas para atividade econômica e inflação, que são os principais indicadores que o Fed está olhando”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Dessa forma, operadores elevaram suas apostas de um corte de 25 pontos-base na reunião do Fed em setembro, com 72% de chance agora, enquanto colocavam apenas 28% na probabilidade uma redução mais profunda em 50 pontos-base. Eles preveem pouco menos de 100 pontos-base de afrouxamento até o fim deste ano.
As apostas em um afrouxamento mais gradual do Fed faziam os rendimentos dos Treasuries saltarem. O rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha alta de 6 pontos-base, a 3,98%.
Quanto mais crescem os rendimentos dos Treasuries, melhor para o dólar, que se torna comparativamente mais atraente do que ativos de maior risco, prejudicando o apetite por moedas de países emergentes, incluindo o Brasil.
A moeda norte-america avançava contra o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,19%, a 101,310.
As atenções se voltam agora para a divulgação de dados preliminares da atividade empresarial nos EUA ainda nesta manhã, o que pode fornecer um novo elemento para a avaliação do estado da economia daquele país.
Na sexta-feira, agentes financeiros acompanharão o discurso do chair do Fed, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole. Espera-se que ele faça indicações sobre os planos do banco central dos EUA para sua reunião do próximo mês.
Na véspera, a ata da reunião de julho do Fed mostrou que as autoridades estavam fortemente inclinadas a um corte nos juros em setembro e várias delas estariam até mesmo dispostas a reduzir os custos de empréstimos imediatamente.
No cenário nacional, o foco do mercado estará em eventos com a participação de diretores do Banco Central, uma vez que os investidores tentam projetar como agirá o Copom em sua reunião de setembro.
O diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, participará da 7ª Edição da Semana de Mercado Financeiro da PUC-Rio, às 11h, enquanto o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, comparece ao 32º Congresso & Expo Fenabrave, em São Paulo, às 14h30.
A curva de juros brasileira apontava nesta manhã para uma alta na Selic, que está atualmente em 10,50% ao ano, até o fim deste ano, com a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — em 10,795%, em alta de 5 pontos-base.
Na sexta-feira, o mercado nacional avaliará dados do IPCA-15 para o mês de agosto, a fim de observar a trajetória da inflação no país.