O dólar fechou a quarta-feira perto da estabilidade ante o real, ainda que no exterior o cenário fosse de aversão a ativos de risco após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reavivar o medo das tarifas de importação.

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Em um dia de agenda esvaziada no Brasil, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,08%, aos 6,1106 reais. Às 17h05, na B3 o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — subia 0,08%, a 6,135 reais na venda.

O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, interrompendo a sequência de dois dias de alta, com analistas reforçando preocupações com o cenário fiscal doméstico e em meio a novo noticiário envolvendo os planos tarifários do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa perdeu 1,28%, a 119.616,8 pontos, segundo dados preliminares, tendo marcado 121.160,25 na máxima e 119.351,34 na mínima da sessão, pressionado principalmente pelo declínio das ações de grandes bancos e das blue chips Vale e Petrobras.

O volume financeiro somava 17,58 bilhões de reais antes dos ajustes finais, ainda reduzido em comparação com a média diária do ano passado, de 24 bilhões de reais.

O dólar no dia

O dólar ganhou impulso logo cedo nos mercados globais após notícia da CNN de que Trump está considerando declarar emergência econômica nacional nos EUA para justificar legalmente a imposição de uma grande quantidade de tarifas de importação sobre países aliados e adversários.

No Brasil, após registrar a cotação mínima de 6,1017 reais (-0,06%) às 9h00, na abertura da sessão, o dólar à vista saltou para a máxima de 6,1571 reais (+0,84%) às 10h44, refletindo o avanço da moeda norte-americana e dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em meio às preocupações com a política tarifária de Trump e seus impactos sobre a inflação e os juros norte-americanos.

“O dólar index está subindo bem hoje em meio às discussões sobre tarifas, e temos uma atividade econômica ainda forte nos Estados Unidos”, comentou durante a tarde Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos, ao justificar o avanço do dólar ante o real.

Ao mesmo tempo, segundo Massote, o fato de as preocupações com a área fiscal no Brasil terem diminuído nos primeiros dias do ano fazia com que o avanço do dólar ante o real não fosse tão intenso nesta quarta-feira.

Durante a tarde, inclusive, a divisa retornou para perto da estabilidade no Brasil, ainda que no exterior se mantivesse em alta firme ante as divisas fortes e em relação à maior parte das demais moedas.

“A volatilidade que a gente está vendo no dólar é por conta da falta de certeza sobre o que de fato vamos ter de tarifas (com Trump)”, pontuou Massote.

Durante a tarde, o Banco Central informou que o Brasil fechou 2024 com uma saída líquida total de 18,014 bilhões de dólares do país, no pior resultado para o fluxo cambial desde 2020, quando a pandemia de Covid-19 contribuiu para um resultado negativo de 27,923 bilhões de dólares.

No ano passado, o país sofreu saída recorde de recursos pela via financeira, compensado apenas parcialmente pela entrada de dólares pelo canal comercial, que também foi a maior da série do Banco Central.

Pela manhã, o BC vendeu 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.