01/06/2018 - 12:55
Na semana em que a cidade de São Paulo prepara-se para receber a 22ª Parada do Orgulho LGBT, agendada para o próximo domingo, 03/06/2018, importa-nos frisar que o Brasil ainda é o país onde mais se mata essa parcela significativa de nossa sociedade, assim, procuramos ter conhecimento de práticas para a inclusão de pessoas LGBTs no mundo corporativo.
Em pleno século XXI, há uma disparidade quanto ao engajamento das empresas no tocante a inclusão de LGBTs no mundo corporativo, tendo-se em vista que existem empresas que possuem um engajamento concreto com essa importante pauta, através da inclusão de colaboradores LGBTs e disseminação interna de informações acerca da acerca da suma importância dessa inclusão. Em contrapartida, muitas empresas ainda não se engajaram com essa pauta tão sensível aos direitos humanos.
Nessa entrevista com Gabriel Brasileiro, líder da aliança LGBTA da Monsanto, responsável pela gerência de operação de marketing de milho da empresa, nos fala não só das ações desenvolvidas entre os colaboradores e colaboradoras, mas também como as empresas devem agir para reduzir as desigualdades e a LGBTfobia no ambiente de trabalho.
Como funciona o grupo de afinidades de LGBTs? E qual a importância da Monsanto se fazer presente na 22ª Parada do Orgulho LGBT?
A aliança LGBTA – o “A”, vem da palavra aliado, ou seja, colaboradores que, independente da orientação sexual e identidade de gênero, voluntariam-se a executar ações de inclusão de colegas LGBTs na empresa – foi criada há quatros anos e já conquistou mais de 200 aliados.
Vocês têm alguma participação ou ação na Parada do Orgulho LGBT que ocorrerá neste final de semana em São Paulo?
Sim, estaremos participando pela segunda vez consecutiva aqui em São Paulo. É sempre bom lembrar a origem e a história da Parada, que surgiu no momento em que pessoas LGBTQ+, sentiam-se reprimidas pelas forças policiais de Nova Iorque. Em 1969, foi um iniciado um “levante” que culminou um ano depois “na primeira Parada”. Portanto, marchar com esses grupos, seja como empresa ou como pessoa física, significa unir-se a este movimento e defender o tratamento digno a essas pessoas como o acesso aos mesmos direitos do restante da população e o combate à LGBTfobia, por exemplo.
O que um envolvimento com um evento como esse pode trazer de retorno para a empresa ou para a marca Monsanto?
Quando se trata de uma empresa ou de uma marca há muitos elementos envolvidos. Em um engajamento como este, nossa voz amplia-se: comunicando ao público que a nossa companhia, com seus produtos e valores, que muitas vezes faz parte do dia a dia de milhões de pessoas e empresas, não tolera a discriminação contra LGBTQ+. E vamos ainda mais longe: para uma grande camada da população, os direitos LGBTQ+ – assim como vários outros assuntos – só passam a ser pauta digna de discussão a partir do momento em que integram o discurso e o branding de diversas marcas ou produtos jornalísticos e de entretenimento.
Você acha que as empresas estão atentas a essas novas demandas e novo momento?
Algumas sim, quanto a isso não temos duvidas. Estarmos presentes na Parada serve como catalisador para discussões e debates importantes não apenas no âmbito acadêmico e político, mas em todas as camadas e grupos sociais. É uma demonstração, acima de tudo, de humanidade, algo que engrandece marcas, pessoas e instituições. E também uma oportunidade de confraternizar com nossos colegas que trabalham no dia a dia para a promoção de um ambiente de trabalho e sociedade cada vez mais justos para os LGBTs.
Ainda com foco nas empresas: o que elas devem fazer para garantir a inclusão e a diversidade em suas estruturas?
Inclusão e diversidade não devem ser apenas um programa ou uma iniciativa, é preciso que seja uma política estruturada, com uma liderança envolvida e colaboradores engajados. Um ambiente de trabalho mais inclusivo e diverso proporciona às empresas uma vantagem competitiva, pois é a diversidade de talentos e pontos de vista que ajudam na formação de um ambiente mais inovador, de confiança, respeitoso e aberto ao diálogo.
O que a Monsanto tem realizado e quais os avanços obtidos em outros grupos também muito discriminados como os negros, as mulheres e as pessoas com deficiência?
Na Monsanto, procuramos os melhores talentos, independente da geografia, gênero, raça, crenças, orientação sexual, identidade de gênero, idade ou deficiência. Temos uma política bastante sólida para garantir a pluralidade no ambiente corporativo e ela tem nos ajudado não só a assegurar a presença da diversidade, mas também a integrar a diversidade e fazê-la funcionar harmonicamente dentro da Monsanto. Além disso, temos um Conselho de Diversidade que é um meio pelo qual desenvolvemos líderes com fito a estimular a cultura interna de inclusão e considerar a contratação de talentos diversos em todos os níveis da organização.
Como funciona e como é difundida essas politicas dentro da empresa?
Para auxiliar nessas questões e ter o assunto sempre em pauta, a companhia criou uma governança de inclusão e diversidade que, atualmente, está baseada em cinco grupos de afinidades (que chamamos de Pilares): LGBTs, PCDs, Mulheres, Gerações e Raças. Os colaboradores, de forma voluntária, expõem seus pontos de vista, discutem a igualdade de oportunidades e, como consequências ajudam a disseminar e perpetuar o respeito às diferenças.