Desejo de qualquer empreendedor, fazer a empresa crescer rapidamente foi, nos últimos anos, um mau negócio no mercado de incorporação e construção brasileiro. Com seus caixas recheados por aberturas de capital bem-sucedidas no fim da década de 2000, as companhias do setor buscaram aquisições, se expandiram para outras regiões e ampliaram fortemente o número de projetos em andamento. O resultado foi inesperadamente ruim, com a multiplicação de prejuízos em seus balanços e queda em seu valor de mercado.

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Marcelo Zarzur, Presidente da Eztec:

“Agora temos capacidade financeira e de engenharia para projetos que antes seriam grandes para nós”

 

 

As tentativas de crescimento acelerado de empresas como PDG, Cyrela, Gafisa, Tecnisa, Brookfield e Rossi resultaram na necessidade de desinflar e de reestruturar as suas operações. Os vilões foram o aumento dos custos com a mão de obra, atrasos e dificuldades de gestão de gastos com o incremento no número de canteiros de construção e de parceiros despreparados. Algumas companhias de menor porte escaparam desse destino. O melhor exemplo entre elas foi a Eztec, construtora e incorporadora do empresário paulistano Ernesto Zarzur, que toca as operações em conjunto com um time de diretores, que inclui quatro filhos. 

 

 

 

Enquanto os rivais penavam, Zarzur e sua família viam sua empresa se tornar uma queridinha dos investidores, que fizeram suas ações dobrar o valor desde o início de 2012. Agora a empresa está mudando de tamanho. A Eztec promete chegar neste ano a um ponto próximo do topo da sua meta de VGV, que foi estipulada entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão, quase o dobro do que realizou em 2010. “Agora temos capacidade financeira e de engenharia para produzir projetos que antes poderiam ser muito grandes para nós”, afirma Marcelo Ernesto Zarzur, um dos filhos do fundador, presidente e diretor-técnico da Eztec (na empresa, os herdeiros se alternam na presidência, em mandatos de dois anos).

 

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O patriarca: o desafio para a Eztec será manter a receita de conservadorismo do fundador,

Ernesto Zarzur, ao mesmo tempo que realiza projetos como o EZ Towers, de R$ 1 bilhão

 

Isso significa uma virada para a empresa. A receita do sucesso da Eztec é creditada por seus próprios gestores e por analistas do setor a uma gestão conservadora, com uma combinação de crescimento moderado e projetos bem estudados para que tenham uma margem de rentabilidade acima de 30%. Mas neste ano a Eztec apresentou ao mercado o seu projeto mais ambicioso: a EZ Towers, duas torres, na zona sul de São Paulo, que combinam unidades residenciais e corporativas, com um potencial de VGV acima de R$ 1 bilhão. Tem sido um sucesso. 

 

 

 

Em janeiro, a construtora vendeu uma das torres do empreendimento para a São Carlos Empreendimentos e Participações, do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, por R$ 564 milhões. Estimulada pelo negócio, a Eztec não vai parar por aí. Outros terrenos capazes de garantir projetos até maiores estão em negociação. A empresa também espera a aprovação de um grande projeto a ser realizado na Marginal Tietê, importante via de trânsito em São Paulo, que será tocado em conjunto com a Tishman Speyer.  A companhia, no entanto, garante que vai escapar da armadilha das empresas que cresceram rápido demais. “A diretriz do conselho de administração é de que não adianta lançar VGV só por lançar”, afirma Marcelo.

 

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Ao fim de 2012, a margem bruta de lucro estava em 50,8%, e chegou aos 55,1% no segundo trimestre deste ano. “Temos um banco de terrenos avaliado em R$ 4 bilhões, para desaguar em três anos”, diz Emílio Fugazza, diretor-financeiro e de relações com os investidores. Para cumprir as metas, os filhos de Ernesto Zarzur continuam batendo pernas diariamente. “Meus irmãos e os outros diretores vão todos os fins de semana aos plantões de vendas e ver novos terrenos”, afirma Marcelo. Outra forma de crescer sem atropelos foi começar a fazer mais projetos fora da capital paulista, onde os preços estão inflacionados e as aprovações de construção costumam demorar mais de um ano. Des­sa forma, a Eztec tem se voltado para os municípios da Grande São Paulo, como Guarulhos e Osasco.