07/10/2016 - 0:00
É comum os defensores de práticas antigas e insustentáveis das mais variadas indústrias utilizarem o dinheiro como justificativa para suas posições atrasadas. A velha máxima “o que importa é o lucro” está caindo por terra e pelas mãos, justamente, do sistema financeiro. Caminha a passos largos a tendência denominada “green finance”, ou finança verde, em tradução literal, que visa incorporar os conceitos de desenvolvimento sustentável na análise de investimentos das instituições financeiras. As ações nesse sentido mais do que dobraram nos últimos cinco anos, segundo levantamento feito pela ONU. Com isso, o fluxo de capital está começando a mudar. No ano passado, a emissão dos chamados “green bonds”, títulos voltados a projetos sustentáveis, atingiu US$ 51,4 bilhões. Em 2014, o volume foi de US$ 41,8 bilhões e, um ano antes, era de apenas US$ 11 bilhões. Trata-se de uma pequena fração dos cerca de US$ 300 trilhões de ativos do sistema financeiro global, mas a tendência é de crescimento irreversível. A ONU estima que serão necessários entre US$ 5 trilhões e US$ 7 trilhões anuais de investimentos para que sejam cumpridas todas as metas de sustentabilidade definidas pelos países membros da organização. Somente a China deve levantar US$ 1,5 trilhão para financiar seus projetos ambientais até 2020. “O problema não é o dinheiro, é onde nós o colocamos”, afirma Erik Solheim, chefe da área de meio ambiente da ONU. As desculpas estão acabando.
(Nota publicada na Edição 988 da Revista Dinheiro)