A indústria da violência por armas de fogo está prestes a ganhar um presente de Donald Trump. O exército americano deve colocar à venda, no mercado civil, um lote de 8 mil pistolas M1911 antigas, que fazem parte do estoque das Forças Armadas do país. A icônica pistola de calibre .45, fabricada pela Colt, esteve em serviço entre 1911 e 1985, nos EUA, e também fez parte do arsenal brasileiro, de 1937 a 1970. A venda será viabilizada graças a uma nova legislação, aprovada recentemente e que aguarda sanção de Trump. A lei traz uma emenda regulamentando esse tipo de transação.

O movimento acontece menos de um mês depois da posse do novo Secretário das Forças Armadas do país, Mark Esper, ex-lobista da Raytheon Company, uma das maiores fornecedoras de equipamentos militares do mundo. O estoque de pistolas M1911 é estimado em 100 mil unidades. Em 2016, o governo de Barack Obama já havia autorizado a transferência de 10 mil armas, mas nenhuma venda foi concretizada. Em entrevista à DINHEIRO, Robert Muggah, pesquisador do Instituto Igarapé e especialista em violência, disse que uma das principais formas de o crime organizado obter armas é pelo vazamento de estoques militares, ou pela compra legal de armamentos em países onde isso é permitido e o posterior contrabando da mercadoria.

(Nota publicada na Edição 1047 da Revista Dinheiro)