Assim com o Palmeiras no futebol, o Chevrolet Onix é o campeão antecipado da temporada da indústria automobilística. Faltando apenas um mês para fechar 2016, o Onix tem uma vantagem superior a 25 mil carros sobre o Hyundai HB20, o vice-líder. A média de vendas do Onix é de 12,3 mil carros/mês; a do HB20 é de 9,9 mil. Portanto, é uma diferença impossível de tirar e a General Motors já pode mandar fazer a faixa de bicampeão para seu hatch compacto.

E não foi um título qualquer. O Onix chega ao bi com um desempenho melhor do que teve no ano passado. Esse ano, o carro passou pelo seu primeiro face-lift e se tornou ainda mais competitivo. Sem dormir sobre os louros da vitória, a GM soube melhorar seu modelo campeão na hora certa. Assim, além de dar fazer algumas modificações estéticas, deu ao Onix dois novos motores (1.0 e 1.4), lançou uma versão aventureira (Onix Activ) e criou uma nova versão de entrada (Onix Joy).

O Onix ficou mais potente e mais econômico, subindo para nota A de consumo na classificação geral do Inmetro em quase todas as versões, além de conseguir o selo de eficiência energética do Conpet. Para além disso, a GM fez um upgrade na central multimídia MyLink e introduziu no modelo o sistema On Star (assistente pessoal ao condutor em tempo real).

O Chevrolet Onix é fabricado em Gravataí (RS) e caminha rapidamente para atingir 600 mil unidades produzidas desde seu lançamento, em 2012. O reposicionamento da linha Chevrolet em 2016 também transformou o Onyx Joy no carro mais barato da marca (R$ 39.590). Assim, a GM ganhou tempo e não precisa entrar correndo na aventura da produção de um modelo de entrada subcompacto, como era o plano inicial. A Volkswagen e a Fiat não tiveram a mesma sorte e ainda sofrem com as vendas modestas do Up e do Mobi.

Muitas vezes um carro ganha a liderança do mercado por causa de suas vendas diretas, aquelas que são feitas para frotistas, taxistas e governos. Um contrato com uma grande locadora pode significar a salvação para alguns. Mas não foi isso que aconteceu com o Onix. Seu desempenho de vendas é bastante equilibrado entre atacado e varejo.

O bicampeão brasileiro de vendas é líder nos dois quesitos. Na comercialização direta, o Onix teve 38,5 mil unidades vendidas, contra 29,7 mil do HB20. Nas concessionárias da rede Chevrolet, o Onix alcançou 96,4 mil vendas, enquanto o HB20 somou 81,8 mil nas revendas Hyundai. Um desempenho impressionante, se considerarmos que o Onix não é exatamente barato. Além da versão Joy 1.0, o carro tem mais uma versão 1.0 LT de R$ 44.890 e três versões 1.4 (LT, LTZ e Activ) de R$ 49.890 a R$ 57.490.

Se tomarmos o preço da versão 1.0 LT como média, o Chevrolet Onix movimentou algo em torno de R$ 6,057 bilhões em 2016. Talvez por isso o novo presidente da General Motors do Brasil, Carlos Zarlenga, esteja comemorando uma grande melhoria no resultado financeiro da empresa, num ano em que a indústria caiu 21%.

Segundo Zarlenga, a GM está colhendo agora os frutos de uma decisão estratégica tomada há três anos, quando houve a certeza de que o País entraria numa grave crise econômica. Na ocasião, a GM decidiu não apenas manter seus investimentos, mas principalmente não deixar que seus produtos envelhecessem, ao contrário do que ocorreu em outras ocasiões.

O Onix é apenas um exemplo dessa estratégia, mas a GM fez muito mais em 2016: renovou também as linhas Cruze, Cobalt, Spin, S10, Trailblazer e Tracker, além de trazer o novo Camaro. No total, foram 12 lançamentos na temporada. Além do bicampeonato do Onix, a Chevrolet também pode comemorar mais um ano na liderança das montadoras, com 308,6 mil emplacamentos, contra 275,6 mil da Fiat, a segunda colocada.

Como ganhou também o título entre os automóveis de passeio (272 mil contra 185,7 mil da Hyundai), a GM teve um ano ainda melhor do que o Palmeiras. Afinal, se no futebol o título da Copa do Brasil ficou com o Grêmio e o da Copa Sul-americana com a Chapecoense, na disputa dos carros deu Chevrolet em quase tudo. É verdade que a Fiat deu um banho nos comerciais leves (103,3 mil contra 40 mil da Volkswagen e 36,6 mil da Chevrolet), mas é como se esse título tivesse o peso de um campeonato estadual.