Um conjunto de cidades americanas decidiu declarar guerra às bebidas cheias de açúcar, em especial os refrigerantes. No início do mês, São Francisco, Oakland e Albany, na Califórnia, aprovaram leis impondo uma taxa de 1% sobre cada 30 mililitros vendidos desse tipo de bebida. No Colorado, os legisladores de Boulder foram ainda mais duros: taxa de 2%. Em Ilinois, a cidade de Cook County incluiu na regra também as bebidas dietéticas. O objetivo é reduzir o consumo de açúcar para combater a obesidade e suas doenças relacionadas, como o diabetes. Um estudo recente, conduzido por pesquisadores da universidade Harvard, aponta que a taxação desses produtos pode levar a uma queda de 20% no consumo. Como resultado, a incidência de diabetes poderia cair cerca de 4%, em dois anos. De fato, a cidade de Berkeley, também na California, viu o consumo de refrigerante nas áreas mais pobres do município cair 22% desde que aprovou uma lei semelhante, em julho do ano passado. Essas medidas têm tirado o sono dos fabricantes de bebidas, que temem ver leis semelhantes se espalharem pelo país. Para as empresas, no entanto, o objetivo não é melhorar a saúde da população. “Impostos sobre o refrigerante servem para cobrir orçamentos”, afirmou Indra Nooyi, CEO da PepsiCo, durante um evento recente. Desde 2009, a indústria de bebidas gastou US$ 40 milhões em lobby contra esse tipo de lei. Mas o consumo vem caindo, mesmo sem as taxas. Em 2015, a queda foi de 1,5% nos EUA.

(Nota publicada na Edição 994 da Revista Dinheiro)