Até a quinta-feira, 27 de outubro, R$ 133,6 bilhões haviam sido trazidos para o País por brasileiros que mantinham essa fortuna ilegalmente no exterior. Com isso, o governo conseguiu arrecadar R$ 40,1 bilhões decorrentes de multas e impostos. O valor é alto? Depende do ponto de vista. Há muito mais lá fora. Estima-se que os brasileiros tenham US$ 500 bilhões, o equivalente a R$ 1,57 trilhão, depositados em contas no exterior. E muitos deles não estão querendo trazer o rico dinheiro ao País.

O dinheiro fugiu

Muitos sabem que o cerco em países como Suíça, Panamá, entre outros paraísos fiscais, está se se fechando. E, para não serem pegos depois que o prazo para internar o dinheiro legalmente acabar, estão transferindo o patrimônio para lugares antes pouco comuns entre os milionários. “A China virou um dos destinos preferidos”, diz uma advogada de um grande escritório de advocacia que tem assessorado esse público. Há também gente que está mudando de cidadania, transferindo toda a vida para outro país, só para não pagar a multa e os impostos.

O dinheiro amedrontou

Outra questão que tem gerado temor entre os donos de contas no exterior é o fato de que a repatriação só vale para recursos enviados ilegalmente até 2014. E quem mandou depois desse período? Um alto executivo de um banco suíço diz que isso gerou insegurança e fez com que muitos ficassem com medo de declarar o que foi enviado até 2014. Motivo: a Receita Federal poderia rastrear o restante depositado nos anos seguintes. A lei de repatriação não dá anistia criminal para quem mandou dinheiro sem declarar em 2015 e 2016.

(Nota publicada na Edição 991 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Luís Artur Nogueira)