Desde 2004, a revista inglesa Decanter realiza seu concurso de vinhos, o Decanter World Wine Awards (DWWA), que está entre as mais relevantes avaliações de vinho do mundo. Na edição de 2016, pela primeira vez os vinhos brasileiros chegaram ao ouro. E foram três: dois da linha Leopoldina, o chardonnay e o merlot, elaborados pela gaúcha Casa Valduga, e o Vale do Chá, um 100% shiraz da vinícola paulista Guaspari. Os dois ouros da Casa Valduga, ainda, recederam outo e foram promovidos à platina, porque os jurados o consideraram os melhores de sua categoria.

Paulo Brammer, sócio da escola Enocultura e um dos 240 degustadores do DWWA, apresentou na Expovinis, exposição de vinhos realizada em meados de junho em São Paulo, estes vinhos e mais outras 13 rótulos sul-americanos que conquistaram ouro no concurso. Nas regras da competição, isso significa obter 95 ou mais pontos dos jurados, em uma escala de até 100.  

Em sua 12ª edição apenas 3,4% dos 16 mil vinhos inscritos no DWWA obtiveram esta premiação. Nos países da América do Sul, a Argentina obteve 39 ouros, 27 deles elaborados com a emblemática uva malbec; o Chile teve 30 ouros e seis de seus vinhos foram eleitos os melhores em sua categoria. O Brasil conquistou três ouros, com 37 amostras inscritas. Uruguai e Bolívia conquistaram, cada um, uma medalha de ouro.

Na degustação, é interessante destacar como vinhos de perfil tão diversos podem obter a mesma pontuação. O Bramare Rebon Vineyard 2013, da viña Cobbos (R$ 532, na Grand Cru), por exemplo, se destacava pela madeira e as notas de frutas vermelhas bem maduras e evidentes e o álcool mais, enquanto o Eggo Franco 2015, da Zorzal, apresentava notas de frutas vermelhas frescas e taninos mais “nervosos” (R$ 232, na Grand Cru). 

E como os vinhos do topo de gama da Catena conseguem aliar elegância e complexidade – na minha avaliação, o Nicasa Vineyard 2011, um corte de 95% de malbec com 5% de cabernet franc (cerca de R$ 560, na Mistral), foi o melhor deste painel. Nos brancos, o meu destaque foi o Errazuriz Sauvignon Blanc Aconcagua Costa (não disponível no Brasil – a Vinci traz o Chardonnay, elaborado na mesma região). É um branco que mostra todo o potencial da zona costeira chilena. 

Gostei dos três brasileiros premiados. São rótulos que indicam que há um caminho para o nosso vinho, que não passa por brancos e tintos mais potentes, mas para aqueles com um perfil mais gastronômico. Confira, a seguir, todos os rótulos brasileiros que obtiveram medalhas e menções honrosas no concurso da Decanter e quais os seus produtores, na relação enviada pelo Ibravin. O que chama a atenção é o ainda baixo número de amostras e de vinícolas inscritas neste concurso.

Vinhos premiados

MELHOR BRANCO BRASILEIRO DE MAIS DE £15

Casa Valduga Leopoldina Chardonnay 2015- Casa Valduga Vinhos Finos
 
MELHOR TINTO BRASILEIRO DE MAIS DE £15
Casa Valduga Terroir Leopoldina Merlot 2012- Casa Valduga Vinhos Finos
 
MEDALHA DE OURO
Guaspari Vista do Chá Syrah 2012 – Vinícola Guaspari
 
MEDALHA DE PRATA
Aurora Espumante Brut – Cooperativa Vinícola Aurora
Casa Perini Espumante Moscatel – Vinícola Perini
Casa Valduga Espumante 130 Brut – Casa Valduga Vinhos Finos
Salton Brazil Intenso Brut – Vinícola Salton
Salton Séries Brut Rosé – Vinícola Salton
 
MEDALHA DE BRONZE
Aurora  Procedências Chardonnay Brut – Cooperativa Vinícola Aurora
Aurora Brazilian Soul Moscato – Cooperativa Vinícola Aurora
Aurora Reserva Merlot 2014 – Cooperativa Vinícola Aurora
Brazilian Soul Premium Selection Cabernet Sauvignon 2013 – Cooperativa Vinícola Aurora
Casa Valduga Raízes Gran Corte 2012 – Casa Valduga  Vinhos Finos
Casa Valduga Raizes Terroir Cabernet Franc 2012 – Casa Valduga  Vinhos Finos
Guaspari Sauvignon Blanc 2012 – Vinícola Guaspari
Ponto Nero Espumante Brut Rosé – Domno do Brasil
Ponto Nero Conceptual Edition Espumante Brut Rosé de Noir – Domno do Brasil
 
MENÇÃO HONROSA
Brazilian Soul Premium Selection Tannat 2013 – Cooperativa Vinícola Aurora
Casa Valduga Espumante Brut Rosé – Casa Valduga Vinhos Finos
Guaspari Sauvignon Blanc 2013 – Vinícola Guaspari
Ponto Nero Espumante Moscatel – Domno do Brasil
Salton Espumante Brut Rserva Ouro – Vinícola Salton
Salton Paradoxo Pinot Noir 2014 – Vinícola Salton
Salton Poética Espumante Brut Rosé  – Vinícola Salton
Zanotto Espumante Brut – Vinícola Campestre