Bastou o ex-presidente Lula sinalizar o interesse em diminuir a abrangência do atual Ministério da Economia e recriar as pastas do Planejamento e da Indústria e do Comércio para o atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro adotar o mesmo caminho. Em sua campanha de 2018, o discurso frisava o absurdo de haver tantos ministérios no Brasil, o que, para o então candidato, custava muito à população sem trazer os benefícios correspondentes. Isso mudou na atual corrida presidencial. Segundo Bolsonaro, é preciso reativar a autonomia da Indústria e do Comércio e, para isso, o cargo de ministro deve ser ocupado por alguém, nas palavras dele, escolhido por empresários.

Tradicionalmente o Ministério da Indústria e do Comércio funciona como um balcão de pedidos. É por meio dele que os empresários pressionam o  governo,  buscam benesses, desonerações, crédito e outras condições de melhorar seus negócios. É comum também que à frente da Pasta esteja alguém bem relacionado com o universo empresarial, e que tenha jogo de cintura para equilibrar a pressão de vários setores ao mesmo tempo. E essa será a chave para Bolsonaro tentar se reconectar com o empresariado perdido.

Bolsonaro promete recriar Ministério da Indústria se for reeleito

O aceno para os empresários surge em um momento em que o presidente sente forte dificuldade em alavancar sua candidatura. A sugestão partiu de seu coordenador de campanha, Ciro Nogueira e não caiu muito bem com Paulo Guedes, que comanda a economia e teme perder espaço em um eventual segundo mandato. Fontes palacianas afirmam que há ainda uma pressão por mais um desmembramento na Economia, mas que ainda não há qualquer decisão neste sentido. Em 2019, Bolsonaro uniu os Ministérios do Trabalho, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Planejamento e Fazenda. Ano passado a Pasta do Trabalho foi recriada para acomodar o aliado Onyx Lorenzoni. Uma derrota para Paulo Guedes, que se manteve à frente da Economia mas sem o status de superministro.

A pesquisa Datafolha divulgada ontem (23) mostrou um crescimento dentro da margem de erro do ex-presidente Lula, que alcançou 47% das intenções de votos para 2 de outubro. Bolsonaro, o segundo colocado, se manteve com 33%. Com a aproximação do pleito, Bolsonaro precisará correr para entrar com mais força no segundo turno.