18/08/2022 - 15:50
Costumo ouvir com certa frequência que a meta da inovação é “gerar novas notas fiscais”. Funcionaria como um chamamento ao compromisso de aumentar o faturamento e, se tudo der certo, o lucro, por meio da oferta de melhores produtos e serviços a cada vez mais clientes. O processo de desenvolvimento dessas inovações, inclusive, é acompanhado de perto por meio de métricas e metas as mais diversas, quase sempre culminando na apuração da performance econômica das iniciativas por meio do VPL (Valor Presente Líquido), da TIR (Taxa Interna de Retorno) e do EVA (Economic Value Added, ou Valor Econômico Adicionado). Esse tema das métricas é tão interessante e cheio de nuances, além de objeto de estudo da academia há tempos, que voltaremos a ele em outra coluna. Ocorre, atenta leitora, estimado leitor, que o conceito moderno de inovação vai muito além do desempenho econômico dos projetos.
Inovamos para maximizar o valor da companhia e nesse intento importam, para além do resultado financeiro, a contribuição marginal de cada projeto para atrair e reter talentos, enaltecer nossa posição competitiva, alcançar novos mercados, reforçar os laços com a comunidade, dentre outros tantos. São muitos os exemplos de ações inovadoras, de inúmeras frentes distintas, que transcendem o resultado financeiro.
A Adidas, por exemplo, desenvolveu e lançou, em parceria com a ONG Parley for the Oceans, um tênis feito 100% com resíduos plásticos retirados dos oceanos. A Natura tem há 26 anos a linha Parley for the Oceans, que por meio da venda de produtos tais como estojos, cadernos e canecas, apoia iniciativas de educação infantil Brasil afora. As Pernambucanas implementaram uma iniciativa, não sem alguma resistência, de venda na boca do caixa do livro Um Elogio Muda Tudo, elaborado e produzido com apoio dos seus próprios colaboradores. Até agora foram mais de 170 mil exemplares vendidos e cerca de R$ 300 mil doados ao GRAACC. Cem por cento do lucro da linha de águas AMA da Ambev é revertido a projetos sociais que promovem o acesso à água potável em comunidades vulneráveis. Foram revertidos mais de R$ 9 milhões até agora…
A busca por um novo “fazer o que é certo” está em pleno curso e perfeitamente alinhada com o modelo mental da “inovação para todos”. Incluir produtos sociais em seu portfólio, engajar clientes, colaboradores, fornecedores e sensibilizar a sociedade sobre questões prementes fazem parte da agenda de CEOs conectados com seu tempo.
Posso escutar alguns colegas dizendo que iniciativas como essas acima são “para inglês ver” e que parecem ser campanhas de marketing disfarçadas. Seja como for, faço aqui meus votos para muitas campanhas de marketing como essas. O inglês que vive dentro de mim iria adorar.