22/11/2018 - 11:03
A pressão protecionista europeia usa a eleição de Jair Bolsonaro e consegue frear um acordo com o Mercosul. Na terça-feira, os dois blocos não conseguiram aproximar posições e ficou cada vez mais distante a ideia de um acordo comercial antes do final do ano. Em cada uma das capitais, técnicos vão agora avaliar os próximos passos. Mas cresce a percepção de que o mais provável é de que o processo seja retomado apenas em 2019, já com o novo governo brasileiro no poder e abrindo uma fase de incertezas.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a Comissão Europeia tinha a clara intenção de ceder em certas áreas e oferecer ao Mercosul concessões no setor agrícola, o que permitiria um acordo. Mas ela foi surpreendida desde a semana passada com um forte lobby de grupos da sociedade civil, parlamentares e mesmo alguns governos que usaram a eleição de Bolsonaro para justificar uma rejeição a um liberalização maior.
Eles foram os mesmos grupos que, ao longo dos anos, usaram outros argumentos para impedir um tratado.
A pressão resultou em um congelamento da posição do bloco. A reunião que durou sete dias foi concluída sem que ficasse agendada qualquer novo encontro, nem entre técnicos e nem entre políticos. A ausência de um plano foi interpretado por observadores na capital europeia como sinal de que uma eventual retomada do processo ocorreria apenas no ano que vem.
A ideia original era de que as delegações chegassem a certos acordos nesta semana e que pontos mais delicados fossem deixados para uma decisão política. Para isso, uma cúpula seria organizada entre ministros de ambos os lados, agendada para o fim de semana.
Eles então fechariam os últimos detalhes e preparariam o terreno para que os presidentes do Mercosul e da UE anunciassem o acordo durante a reunião do G-20, em Buenos Aires a partir do dia 30 de novembro. Mas nada disso foi possível. E as discussões estão adiadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.