31/08/2019 - 16:52
Um ano após o incêndio que destruiu sua sede e seu acervo, as obras de reconstrução do Museu Nacional receberão um aporte até R$ 50 milhões da Fundação Vale. Os recursos da mineradora se somam a outros R$ 21,7 milhões já aprovados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a recuperação da sede, o palácio na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, zona norte do Rio, que serviu de moradia da família imperial.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsável pelo museu, assinou neste sábado um protocolo de intenções com a Fundação Vale, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e o BNDES para a criação de um comitê gestor de governança que possa conduzir o projeto de recuperação do museu e atrair mais investimentos privados.
“Há um desejo de, tendo essa nova governança, criar condições para realizar as obras até 2022, na comemoração do bicentenário da independência do Brasil. Essa alocação de recursos se dará ao longo desse período, aproximadamente três anos”, disse Luiz Eduardo Osorio, diretor-executivo de Relações Institucionais da Vale e presidente do conselho curador da Fundação Vale.
Os recursos da Vale serão repassados em etapas para as obras no museu, em cronograma ainda em fase de planejamento. O projeto de recuperação conta ainda com R$ 43 milhões obtidos através de uma emenda impositiva da bancada do Rio de Janeiro na Câmara de Deputados. A emenda previa a destinação de R$ 55 milhões do orçamento federal para as obras do museu, mas R$ 12 milhões foram contingenciados.
“O contingenciamento desses R$ 12 milhões foi ruim porque vai impedir que a gente avance, no sentido de ter essa estrutura toda de acervo e construção de laboratórios mais lenta, mas vai acontecer com toda certeza”, afirmou a reitora da UFRJ, Denise Carvalho.
A UFRJ pretende começar ainda este ano a obra de reforma da fachada e telhados do museu. “Então a gente começa o ano de 2020 com os telhados refeitos e a fachada, e a gente vai poder começar a trabalhar por dentro”, completou Denise.
A direção do museu apresentou um projeto do que será mostrado ao público ao fim das obras. O novo Museu Nacional terá um circuito histórico, contando sobre o passado do palácio e da fundação do próprio museu; um circuito sobre as origens do universo e da vida no planeta Terra; e um circuito de complexidade cultural, sobre a história de diferentes povos e tempos ao longo da evolução da Humanidade.
“Esse circuito será extremamente difícil de realizar sem apoio nacional e internacional, porque as perdas nessa área foram muito grandes. Tem muita gente querendo contribuir e colaborar. O nosso País tem que merecer esse novo acervo. Temos que passar credibilidade. Só vamos conseguir isso reconstruindo esse palácio”, defendeu o diretor do Museu Nacional, professor Alexander Kellner.
Kellner afastou a possibilidade de reabrir o museu com acervo emprestado de outras instituições, mas mencionou que há ofertas de doações, entre elas do Museu de História Natural de Paris. O diretor contou ainda que está em negociações com a China para uma doação substancial.